tag:blogger.com,1999:blog-18870754255753502702024-03-18T21:39:45.341-07:00EynësSarah era uma jovem comum como qualquer outra, até que estranhos pesadelos começaram a perturbá-la.Quando ela encontra um misterioso livro que possui relação com tais pesadelos, sua vida vai virar de cabeça para baixo.Eynës é uma aventura épica criada pela jovem autora brasileira Jéssica.Com um enredo fascinante, personagens cativantes e reviravoltas o livro prende a atenção do leitor até o ultimo capítulo.devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-1887075425575350270.post-32645926271882071892008-01-19T08:02:00.001-08:002008-01-19T08:02:48.814-08:00Capítulo 7<b style=""><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif"; color: red;"><o:p></o:p></span></b><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Apesar de não conhecer a animorfa muito bem, Sarah sabia que na maioria das vezes, ela nunca demonstrava expressão alguma. Podia até sorrir com freqüência e ser bastante atenciosa, mas quando se machucava ou enfrentava uma crise, Maya jamais perdia a calma. Era exatamente assim que estava agora, apesar do tom de voz áspero, a animorfa nem contraía o rosto. Ela caminhou pela barraca de treinamento enquanto Sarah e Urius a acompanhavam com o olhar. Maya caminhou até a Esbael e, quando colocou a mão em seu ombro exerceu certa pressão, forçando-a a sentar. Depois que todos se acomodaram, disse em tom sombrio:<o:p></o:p></span> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O vilarejo de Ar’mead foi atacado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Atacado?! – assustou-se Urius ficando de pé.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Desculpem, mas sabem, sou um pouco desinformada sobre o que acontece por estas bandas então poderiam me explicar o que é este vilarejo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- É o vilarejo mais importante para os rebeldes, é lá que vivem os mercadores – explicou o Curior ainda chocado enquanto caminhava em volta delas lentamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Como tudo aquilo que esteja ligado aos Endirvis ou aos bruxos é destruído, os mercadores que viviam no vilarejo ajudavam com o abastecimento de armas e comida em segredo, mas de alguma forma Oberon descobriu – deixou que seu olhar se distanciasse. – Sem as armas não temos como lutar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vocês não têm nenhum ferreiro que possa fabricar as armas? – indagou Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não temos, os Endirvis não são lá mestres na fabricação de armas. Mesmo que tivéssemos um precisaríamos de muito mais. Apenas um ferreiro não daria conta da quantidade de armas que um exército precisa – ela fez uma pausa enquanto cruzava as mãos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Pelos Deuses!Como aquele miserável descobriu que o vilarejo nos ajudava? – perguntou Urius, aflito.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>-<span style="color: red;"> </span>Quando saí de lá estavam torturando um mercador, não havia nada que eu pudesse fazer, estava sozinha<span style="color: red;">. </span>Com certeza tiveram a confirmação depois disso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Mesmo se não houvesse confirmação, como ele suspeitou? – indagou Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu sinceramente não sei. Talvez alguém os tivesse delatado. Afinal, não há nada que uma boa ameaça não faça – voltou os olhos claros para a jovem. – As pessoas têm muito medo. Nossa situação piora a cada dia, as pessoas precisam de uma esperança, de um milagre.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Enquanto aos Curiors? Eles não são mestres da espada? Poderiam fabricar as armas que os rebeldes precisam. Ainda mais aqui na montanha onde ninguém poderia atrapalhar é muito mais fácil para eles lidar com esta tarefa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sim mas poderia levar semanas – disse Urius.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Se todos se juntarem, podem ultrapassar seus próprios limites – disse a garota. – Que levem semanas!Bem ou mal não temos outra escolha, é muito pior ficarmos aqui parados não é?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sarah tem razão – concordou Maya. – O que me diz Urius?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Bem – ele observou os olhares esperançosos que o fitavam. – Acho que meu pai fará o possível para ajudar. Trabalharemos dia e noite!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Então está decidido! Os Curiors vão fabricar as armas para os Endirvis.<span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Qual a situação do vilarejo? – indagou Sarah – Algum sobrevivente?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não consegui ver direito, já que sobrevoei rapidamente o local. Ar’mead estava infestado de guerreiros da guarda real, não podia descer lá para verificar sozinha – a animorfa se distanciou por um momento. – Preciso ir até lá o mais rápido possível, mas não posso ir sozi...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sarah não terminou seu treinamento ainda! – interrompeu Urius.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Mas depois desta luta pensei...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você treinou com a espada de madeira e está indo muito bem, mas preciso ver como se sai com uma de verdade – interrompeu novamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Quanto tempo acha que vai levar? – indagou a animorfa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Dois dias mais ou menos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Acho que posso agüentar – resmungou Maya. – Termine seu treinamento Sarah-rogesh – disse ela levantando-se e caminhando até a saída da tenda. –, depois partiremos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Nandige! – a animorfa voltou seus olhos para o Curior. – Não se preocupe, vai dar tudo certo, tenho certeza que meu pai não irá pensar duas vezes para ajudar vocês. Desde a fabricação de armas até uma luta se for preciso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A mulher respirou fundo e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu sei que vai – ensaiou um sorriso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vamos rogesh, acho melhor começarmos a lutar com a espada, ou você não estará preparada em dois dias.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Urius conduziu Sarah até uma tenda grande que ficava perto da barraca de duelos onde entraram. No centro da barraca havia um grande e grosso, pedaço de tronco de árvore e sobre ele uma enorme bigorna com pequeno martelo de ferro. Um homem no fundo do estabelecimento segurava uma grande quantidade de espadas enquanto procurava arrumá-las lado a lado sobre um suporte que estava no chão. Ao se virar, ele se espantou ao vê-los.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Urius, tem algo em que eu possa ajudar? – indagou o homem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Precisamos de suas espadas Ergin, para treinarmos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Ora essa, e por que não pega uma de madeira?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Essa foi a primeira parte do treinamento, a segunda é com uma <i style="">espada.<o:p></o:p></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Como quiser – ele voltou sua atenção para Sarah. – E você quem é? – perguntou docemente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Esta é a nova Esbael – respondeu Urius.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah inclinou a cabeça em cumprimento.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Ora mas é uma honra! – ele fez uma reverência enquanto abria um largo sorriso. – Vou lhe dar uma especial que acabei de fazer.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ergin caminhou para as espadas que havia acabado de guardar e pegou uma delas. O objeto era bonito e delicado, a lâmina devia ter em torno de uns setenta centímetros ou mais, o punho era azul marinho e o pomo cor de ouro assim como a guarda da espada que tinha três desenhos redondos de metal, um à esquerda, um no meio e um à direita. Definitivamente era linda, trabalho de um verdadeiro mestre. Antes de entregá-la para Sarah ele perguntou:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Diga-me rogesh, como você é como pessoa?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Bem, sou um pouco pessimista às vezes, mas determinada quando quero alguma coisa, penso sempre nos outros antes de mim e acho que nada é impossível, se você se esforça para conseguir. Bem, é tudo que posso dizer de mim mesma.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- És uma líder nata, mesmo que ainda não saiba disso – ele desviou seu olhar para Urius. – Pode pegar qualquer uma que quiser, e quanto a você rogesh, espere um instante.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah notou um sorriso em Urius ao ver Ergin caminhar até o canto da tenda. O homem enfiou a mão por detrás de um tonel cheio de água e retirou um pequeno balde feito de madeira, depois de misturar várias coisas no recipiente, ele pegou uma folha enorme que guardava e enfiou lá dentro. A folha saiu completamente pintada de laranja. O Curior deslizou-a sobre a lâmina da espada em ambos os lados, mas não a pintou completamente. Levantou-se do chão e caminhou até Sarah:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Ela é toda sua, não só para o treinamento como queriam, mas também para as batalhas que tenho certeza, estão por vir – e sorriu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu... Eu nem sei como agradecer – disse ela. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Agradeça fazendo um bom uso dela. Espadas não são simples objetos, são uma parte de você.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Muito obrigada – disse ela enquanto observava a lâmina alaranjada da espada. – Posso lhe fazer uma pergunta? – ele assentiu e entregou-lhe a bainha preta da arma. – Por que pintou a lâmina? – indagou ela embainhando-a.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- É a minha marca, é para que todos saibam que esta espada foi fabricada pelos Curiors. Dependendo de cada pessoa, escolhemos a cor. A cor laranja lhe dará otimismo, generosidade, equilíbrio e segurança em cada uma de suas lutas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Novamente, eu agradeço a generosidade.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não há de que.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Agora vamos, temos muito que treinar ainda – interrompeu Urius.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vamos – Sarah fez uma reverência e se retirou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Urius virou-se para o homem e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Estamos enfrentando uma crise com relação ao vilarejo Ar’mead, procure Maya para que ela lhe explique melhor a situação, talvez precisemos de todos aqueles que puderem ajudar para fabricar armas para os rebeldes – e se retirou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Voltando a tenda de duelos, Urius advertiu Sarah com relação a este treinamento. Disse que não seriam mais lutas bruscas como as que tiveram quando usaram espadas de madeira, teriam de tomar o maior cuidado possível para não acabassem matando um ao outro. Explicou também que à medida que ela fosse pegando a prática e se acostumando com o peso da espada, ela já teria a capacidade para pará-la próxima ao corpo do adversário e aí sim, poderiam aumentar a força e velocidade do treinamento.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Urius ficou a postos e Sarah se posicionou a sua frente. Os dois se encararam seriamente durante um tempo, até que o Curior deu o primeiro golpe, Sarah bloqueou mas como não tinha o costume de segurar uma espada de verdade, o peso a atrapalhou fazendo com que a arma caísse no chão. Urius recuou e deixou que ela apanhasse sua espada. Novamente ambos se prepararam. Desta vez Sarah segurou firme o punho da arma.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>O Curior atacou e ela bloqueou, cruzando várias vezes suas espadas. Quando Urius golpeou o ombro da Esbael, ela inclinou o corpo para trás e a espada passou raspando em seu peito, com um movimento rápido Sarah o atacou com a ponta da espada, o rapaz saltou para o lado, desviando. Os dois estavam praticamente do mesmo nível e a garota estava começando a gostar do resultado de seu esforço. No final da tarde quando encerraram o treinamento, Sarah recolheu-se para sua tenda e guardou a espada embainhada ao lado das almofadas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A garota mal conseguia sentir o braço direito, toda vez que o erguia ele abaixava sozinho por causa do peso que tinha segurado praticamente o dia inteiro. Sarah ficou de pé e dirigiu-se para a tenda de Maya que ficava bem ao seu lado, ao entrar, a jovem viu a animorfa retirando uma enorme folha que envolvia um de seus braços. A mulher a olhou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Este corte foi o que aqueles monstros fizeram em mim há onze dias atrás quando as ajudei na floresta – disse ela pegando um pano, molhando na água que estava em um balde e passando sobre a pasta verde que estava sobre o ferimento. – Agora que foi cicatrizar e olhe que não foi muito profundo. Os Muirakans têm medo de nós, animagos, mas ainda assim conseguiram me ferir deste jeito – ela pegou um pano enxuto e passou sobre o braço úmido para que secasse.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>No braço de Maya uma cicatriz em alto relevo que ia do ombro até próximo ao cotovelo, havia se formado. Sarah se aproximou da animorfa e sentou-se ao seu lado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Se ele tivesse enfiado mais teria arrancado seu braço.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Agradeço aos Deuses que isso não tenha acontecido, o que seria de mim sem um braço?Dói-me só de pensar, mas agora já está tudo bem – Maya olhou para o braço direito da Esbael que ela erguia perto da barriga. – O que houve com seu braço?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah observou-o e riu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Ah!Isso?Eu não estava agüentando o peso da espada – a animorfa sorriu para ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Logo, logo você vai se acostumar pode ter certeza. Só alguns dias praticando e sua espada ficará leve como uma pluma é só ter paciência.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Ah, mas eu sei ser paciente, até demais – sorriu. – Tudo o que eu passava no meu mundo me forçava a ter paciência.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Então, o que faz aqui afinal rogesh?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu só vim visitá-la, senti sua falta enquanto esteve fora. Ficar sozinha numa cidade como esta é terrível.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Maya gargalhou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Teralar é entediante se você não está fazendo algo de útil! E olhe que você fez muita coisa em seu treinamento, tenho certeza. Por eu criticar esta cidade quando sou obrigada a ficar aqui e por ficar no pé de alguns como o velho Rhotur, que a maioria deles não gosta de mim.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você chega a ser sarcástica na maioria das vezes.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Já viu os caninos dele?!Alguém com um daqueles só pode ser um vampiro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ambas riram. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Como se diz vampirinho da neve e Ídier?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Dyrstigot ko dana – respondeu a animorfa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Driungot ko daná?– repetiu Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não. Dyrstigot ko dana – corrigiu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Dyrstigot ko dana – Maya assentiu. – Eu gosto desta língua, ela é diferente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Posso te ensinar as palavras básicas se você quiser, mas não posso ensinar tudo pois você tem coisas mais importantes para aprender no momento, sem mencionar que Ídier é uma língua muito grande e ninguém sabe ela por completo. Além disso, você aprenderá a grande maioria das palavras com os bruxos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Que palavras você pode me ensinar?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Bem – disse Maya franzindo a testa, à procura de palavras fáceis. – Tenda é <i style="">nagan</i> em Ídier.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- E isso? – perguntou Sarah apontando para sua roupa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Roupa é <i style="">kirshis</i> – a animorfa virou-se para as almofadas e disse: - Aquilo é <i style="">methur.<o:p></o:p></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Maya passou grande parte da noite ensinando algumas palavras em Ídier a Sarah, como: espada que era <i style="">aziris, </i>bainha que era <i style="">mandos</i>, neve que era <i style="">dana</i>, Woriok que era <i style="">daegil </i>e muitas outras. Quando começou a ficar tarde a Esbael voltou para seus aposentos e adormeceu. Ela sentia falta de sua família, mas não adiantaria nada ficar se lamentando por ter encontrado o livro e por ter sido transportada para aquele mundo. No momento, Sarah queria se concentrar em seus aprendizados – que por sinal, ela estava adorando, apesar das dores corporais e hematomas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Na manhã seguinte, já acostumada com o ambiente nebuloso da montanha, Sarah despertou, apanhou sua espada e se dirigiu para a barraca de duelos. Seu braço não doía mais como antes e ela estava bem disposta naquele dia. Como sempre, encontrou Urius na entrada e juntos caminharam para dentro da tenda. A primeira fase de seu treinamento a havia ajudado a aprender como se manejava uma espada e a luta de verdade do dia anterior aperfeiçoou suas habilidades e fez com que ela se acostumasse com o peso da arma.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Desta vez, Sarah já sabia lutar muito bem e a única coisa que ela precisava era melhorar o que já havia aprendido nos dias em que estava na montanha, pois em sua opinião, ainda era uma amadora. O prazo estipulado havia passado e logo, Maya e Sarah se aprontavam para partir rumo ao vilarejo Ar’mead. Os Curiors as presentearam com dois Worioks para facilitar a viajem. Mais uma vez a Esbael agradeceu a Ergin por sua espada, em seguida, ambas se despediram de todos os habitantes, montaram em seus “lobos voadores” e saíram voando das montanhas Leeuw Tand.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>O vilarejo ficava a três dias de caminhada das montanhas, mas com a ajuda dos Worioks economizariam um dia de viajem. Ambas voaram até o anoitecer e acamparam nos arredores da floresta Flóriur. Sarah cuidou de fazer a fogueira e Maya caçou dois coelhos, como sempre a animorfa que arrancou a pele do animal e cortou a carne. Por estar naquele mundo há quase vinte dias e grande parte deste tempo havia passado nas montanhas e nas horas vagas ajudava os Curiors a caçar, Sarah já tinha se acostumado com aquele ato que antes julgava maldoso e repugnante.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Elas liberaram suas montarias para que fossem em busca de seu próprio alimento, depois decidiram que Maya ficaria com o primeiro turno da vigília e Sarah com o segundo. Na manhã do segundo dia de viajem, ambas se levantaram e foram voando até o vilarejo, aonde chegaram ao período da tarde. Ao pousarem, ambas desmontaram dos Worioks e, segurando as rédeas, os conduziram para a entrada do vilarejo que estava completamente destruído. As vigas das casas estavam queimadas e estas não apresentavam mais telhado. Havia diversas pessoas mortas espalhadas por entre as construções carbonizadas e o ar que Sarah e Maya respiravam cheirava a decomposição.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Caminharam separadamente pelo vilarejo à procura de sobreviventes. Sarah alisou o dorso de Nostyec e largou suas rédeas, para andar com mais liberdade por Ar’mead. Ao observar o solo seco e um tanto arenoso ela notou gotas de sangue que se espalhavam por grande parte do vilarejo. Mais adiante, a Esbael notou pegadas que marcavam o chão, ficou na dúvida se seriam de alguém enviado pelo rei ou de algum possível sobrevivente. Franziu a testa enquanto pensava na questão, até que decidiu segui-las. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Como Urius havia lhe ensinado, ela caminhava com a mão repousada sobre o punho da espada, a espreita de qualquer sinal de perigo. Estava perto agora, ela podia ouvir soluços vindos de uma das casas queimadas, mas esta se encontrava em uma situação melhor do que as demais.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Apertou tensamente o punho da espada de modo que as pontas de seus dedos ficaram brancas, seu coração palpitava como nunca, o medo e a ansiedade tomavam conta de seu corpo – se fosse algum enviado do rei seria sua primeira batalha pra valer e isso a assustava um pouco. Respirou profunda e longamente, retirou um pouco da lâmina da espada de sua bainha, bem devagar e empurrou a porta com toda sua força – como a construção estava frágil, a porta caiu. Sarah viu se relance uma sombra esconder-se atrás de barris que estavam um pouco destruídos. A Esbael desembainhou sua espada e berrou:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Saia! Quem quer que seja!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah caminhou lentamente até o esconderijo do ser misterioso, ergueu sua espada e saltou procurando pegá-lo de surpresa até que viu...<i style=""> Uma criança </i>encolhida de medo. Com um olhar de doçura, a jovem embainhou sua espada e acocorou-se, estendendo a mão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não tenha medo – a criança retirou as mãos do rosto coberto de fuligem. – Eu não vou te machucar – a garota hesitou, depois pôs os cabelos mal cuidados, mas lisos, para trás das orelhas, colocando a mão pequena sobre a de Sarah. – Tudo bem, venha comigo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A Esbael conduziu a menina até Maya, que ainda explorava Ar’mead em busca de sobreviventes. A animorfa segurava uma folha um tanto envelhecida que mais lembrava papiro, ela se virou e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Veja o que está dizendo aqui: <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><i style=""><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>“Este vilarejo foi condenado por bruxaria e traição e portanto, será queimado e encontrará seu destino em uma terra sombria e ardente. Que isto sirva de exemplo, qualquer um que se envolver com Bruxos ou Rebeldes terá o mesmo destino.”<o:p></o:p></span></i></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que isso quer dizer? Oberon é um bruxo também!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você quer mesmo comparar a nós, meros súditos, ao rei? – indagou Maya lançado a folha para longe.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Infelizmente não pudemos fazer nada, mas veja o que achei – disse Sarah enquanto a garota se escondia atrás de suas pernas. – Uma sobrevivente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Olá, como é seu nome pequenina? – perguntou a animorfa abaixando-se com as mãos apoiadas nos joelhos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Pode nos dizer – disse a Esbael afastando-se de modo que a menina ficasse visível. – Só queremos ajudar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A garotinha apertou suas pequenas mãos, uma na outra, engoliu seco e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Tirvanna.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- E quantos anos a Tirvanna tem? – perguntou Maya.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A menina expôs os cinco dedos da mão. A animorfa levantou-se e fez um sinal com o olhar para Sarah que disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você gostaria de ver uma coisa muito legal? – a garotinha assentiu com a cabeça. – Nostyec! – berrou a Esbael.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>O Woriok apareceu correndo e parou a uma distância razoável delas, nem muito longe nem muito perto. A menina aproximou-se cautelosamente do animal e Sarah a ajudou a entender que ele não iria machucá-la, Tirvanna tocou na cabeça de Nostyec, acariciando-o.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você pode cuidar bem dele até que eu termine tudo por aqui?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sim senhorita! – disse a menina sorrindo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah pegou-a no colo e fez com que montasse no Woriok.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Leve-a para dar uma volta, mas sem voar! – o animal bufou e se retirou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A jovem caminhou até Maya com um olhar exausto estampado em seu rosto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Encontrou mais alguém? – Sarah balançou negativamente a cabeça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Mais ninguém.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Nem eu – fez uma pausa. –, aqueles miseráveis!Como puderam fazer isso com mulheres e crianças?Graças aos Deuses esta menina se salvou ilesa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu não quero nem pensar o que poderia ter acontecido a ela aqui sozinha durante dois dias, ainda mais se os guerreiros ou os Muirakans aparecessem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Nem me fale! – disse a animorfa colocando a mão sobre o rosto. – Vamos, devemos enterrar estes corpos, não podemos deixá-los desse jeito.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Os corpos! – berrou Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que têm eles?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu deixei a menina passear por aí e o vilarejo está repleto de corpos, como ela vai se sentir se por acaso encontrar um parente por aí?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vamos atrás dela!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Maya e Sarah pegaram a direção que a menina havia tomado com Nostyec e a encontraram debruçada sobre um cadáver, com o Woriok de pé ao seu lado. Mesmo de longe, ambas podiam ver que Tirvanna soluçava. A garotinha virou a cabeça em direção as duas, lágrimas escorriam por seu rostinho arredondado e a ponta do nariz estava vermelha. Tirvanna se levantou, correu para Sarah e a abraçou. A Esbael sentiu-se fragilizada como se soubesse exatamente como a menina se sentia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vamos enterrá-los logo e sair daqui! – disse Maya.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vamos – concordou Sarah com os olhos cheios d’água. – Fique com Nostyec, ele vai cuidar de você – disse para a menina, que correu em direção ao animal.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah olhou para todos aqueles corpos espalhados, pensativa. Atacar mulheres e crianças daquela forma era o ato de um covarde e desumano, e ela não podia suportar isso. Respirou fundo enquanto buscava coragem dentro de si para tocar em um daqueles corpos, Sarah nunca tinha visto um cadáver antes e enterrá-los seria muito difícil para ela, mas sabia que era o mínimo a ser feito.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A Esbael caminhou até Maya e juntas, cavaram covas para que pudessem colocar os cadáveres. Passaram longas horas ali, cavando e enterrando até que o último deles foi colocado, Tirvanna ajoelhou-se e fez uma prece aos Deuses para que cuidasse de seus pais que agora não estavam mais entre ela. Quando a tarde começou a chegar ao fim, as três adentraram a floresta de Flóriur e lá acamparam. Depois de uma boa refeição, Tirvanna adormeceu no colo de Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que faremos agora?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vamos ter que partir para Delaetar e informar aos bruxos de nossa condição, tenho certeza que vão contatar o maior número de aliados possível. Cada um deles saberá o que fazer.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- E quanto a ela?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Nós vamos levá-la para Flóriur, onde poderão cuidar dela, não podemos trazê-la conosco é muito perigoso. Além disso, deve se concentrar em seu treinamento.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu sei disso, vamos dormir, hoje foi um dia exaustivo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah retirou a menina de seu colo e acomodou-a em outro lugar enquanto sentava-se em um tronco. Maya dormiu e a Esbael ficou de vigília. Naquela noite, ela sentiu como se uma parte dela tivesse sido arrancada, sentia falta de sua família e o que viu no vilarejo só aumentara sua angústia. Não conseguia nem pensar no fato de que ficaria para sempre naquele mundo e que antes partir, não conseguiu despedir-se nem dizer a seus pais o quanto os amava.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sentia-se amedrontada em um lugar perigoso e que ainda era estranho para ela. Temia perder as únicas pessoas que conhecia ali nas mãos do rei Oberon e que seu jeito simpático e bondoso fosse corrompido aos poucos por tais atos vis, tornando-se uma pessoa fria e robótica com apenas um objetivo: matar e destruir tudo relacionado ao rei. A jovem ouviu um balançar de galhos e algumas folhas caíram do alto das árvores. Os Worioks ficaram de pé e, mostrando todos os seus dentes, gruíam como cães ferozes. A Esbael arrastou-se calmamente até Maya e a despertou fazendo sinal para mostrar de onde vinham os barulhos. A animorfa ficou apoiada sobre um dos joelhos e Sarah apertou a alça de sua mochila enquanto se aproximava de Tirvanna, protejendo-as. Maya e Sarah estavam preparadas para a luta.<o:p></o:p></span></p>devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1887075425575350270.post-44493705569549852162008-01-19T08:00:00.000-08:002008-01-19T15:57:51.694-08:00Capítulo 6 - O treinamento de Sarah<b style=""><span style=""><o:p></o:p></span></b><span style=""><span style=""> </span></span><span style="">Sarah caminhou lentamente enquanto segurava a pele de tigre envolvida em seu corpo com Maya, na forma de raposa do ártico, bem atrás. Ela olhou ao redor. A grande muralha escondia na neve algo muito menor: não havia grandes casas próprias para aquele ambiente gélido, como a jovem havia pensado. Na verdade, as moradias eram pequenas tendas improvisadas com estacas de madeira e tecido, mas muito bem feitas, pois nem aquele vento forte as abalava. De certa forma lembravam o acampamento de um exército. Sarah notou algo estranho: não havia crianças por Teralar, apenas adultos.<o:p></o:p></span> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span></span><span style="">- Onde estão às crianças Maya? – murmurou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Para os Curiors, isso não é comum. É muito raro nascer um bebê aqui, não é toda mulher que pode ter filhos. Eles são Ucanaíns, parentes distantes dos humanos que envelhecem mais lentamente, por isso têm mais tempo para se reproduzir. Quando um bebê nasce eles fazem uma festa para agradecer aos Deuses – olhou para a companheira com os olhos azul-celestes, os dentes um tanto pontudos de raposa a mostra. – Afinal, se não fosse por isso estariam extintos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>A jovem ficou distante por alguns segundos, pensando sobre o que a animorfa havia dito. Deveria ser horrível viver em um lugar onde não havia crianças, sem as travessuras que elas aprontavam e sem o prazer de cuidar de um bebê. Acompanharam a muralha que rodeava a cidade até o final, chegando a uma tenda. Rhotur estendeu a mão deslizando o pano que cobria a entrada para que as duas pudessem entrar. Lá dentro havia almofadas feitas com pele de animal e alguns cálices de madeira, não tinha nenhuma mesa ou cadeira, apenas roupas dobradas no canto da barraca e algumas armas como: uma espada e duas adagas que estavam jogadas pelo chão, próximas as almofadas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ele bateu em suas roupas felpudas, procurando retirar toda a neve que estava grudada nela. Em seguida retirou aquele amontoado de vestes que cobriam todo o seu corpo, deixando apenas as mais leves feitas de couro, depois as colocou sobre as almofadas. Virou-se. Sarah ficou impressionada com a fisionomia estranha do Curior, nunca tinha visto algo tão diferente. Rhotur tinha os cabelos completamente grisalhos e longos presos em um rabo de cavalo folgado, tinha dentes caninos maiores do que o normal – lembravam os de um vampiro – e suas pupilas em forma de fenda se destacavam nos olhos, que vinham de um azul tão claro que chegava quase a ser branco. Apesar de ter uma beleza muito diferente do que Sarah estava acostumada, ele aparentava ter uns trinta anos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Rhotur caiu com as costas sobre as almofadas e gesticulou para que as duas se acomodassem. Maya voltou para sua forma humana e sentou ao lado da companheira de viajem. Estava com uma expressão austera nos rosto parecia que, apesar do frio, estava suando. Sarah se perguntava se a animorfa ainda estaria sentindo as dores do ferimento causado por aquelas criaturas. Afinal, seu rosto, ainda mais pálido do que o normal e o suor, apontavam para isso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Então – fez uma pausa –, você é a nova Esbael?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Sim.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Ela precisa aprender como manejar uma espada Rhotur – disse Maya voltando os olhos para Sarah. – Vrafer mod baror kishta (Ou ela estará perdida).<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah franziu a testa ao ver que a companheira complementara em ídier.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Não se preocupe, esta é a nossa especialidade. Não é todo mundo que sabe lutar como nós, Curiors.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Eu sei disso, por que você acha que a trouxe aqui?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Então – fez uma pausa. – Vamos começar?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ele pôs-se de pé e começou a vestir suas roupas novamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Agora?!Mas eu acabei de chegar! – disse Sarah dando um salto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Ninguém me disse nada sobre pegar leve com você. Venha, quero ver até onde você vai com a espada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Não seja por isso, eu mesma respondo, não sei de nada!Nunca nem toquei eu uma – respondeu ela ligeiramente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Nunca pegou em uma espada – ele repetiu, dando uma gargalhada e observando o olhar sério da garota, disse: – Você está brincando, não é?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ela balançou a cabeça em sinal negativo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Bem, ela é toda sua – disse Maya voltando para a forma de raposa do ártico. – Posso ficar naquela tenda que fiquei da última vez não é?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Sim pode, não há ninguém vivendo lá – ainda estava boquiaberto com a resposta da garota. Não havia um adulto ou criança em Amagar que jamais tivesse tocado em uma espada. – Vou arrumar algumas roupas para esta jovem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Aonde você vai Maya?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Enquanto você está treinando vou checar o quão perigoso as coisas estão. Retornarei dentro de alguns dias. Você vai me encontrar em uma tenda próxima daqui – a raposa caminhou para fora da barraca, deixando Sarah e Rhotur a sós.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span></span><span style="">O Curior olhou <st1:personname productid="em volta. Ele" st="on">em volta. Ele</st1:personname> apanhou as roupas que estavam dobradas no canto da tenda e entregou-as para Sarah. Quando a garota as vestiu, eles caminharam para fora. Durante o percurso na neve a jovem notou que diversos sons se misturavam no ar, havia um tilintar mais parecido com o choque entre dois metais e um grunhido que ela jamais ouvira antes, olhou em volta procurando encontrar a fonte. Antes que pudesse localizar alguma coisa, Rhotur colocou a mão em seu ombro, para que ela parasse. Ele se aproximou de um suporte repleto de pequenas espadas de madeira.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Analisou cada uma delas, desde o cabo – envolvido em ataduras, umas mais estragadas do que as outras – até os pequenos arranhões na falsa lâmina. Enfim, escolheu duas delas e, ao entregar uma para Sarah, caminhou para dentro de uma das maiores tendas <st1:personname productid="em Teralar. Quando" st="on">em Teralar. Quando</st1:personname> a jovem o acompanhou, mal pôde acreditar no que estava vendo: havia diversos Curiors espalhados pela barraca e treinavam com espadas de verdade, todos eles tinham praticamente a mesma aparência e a única coisa que os diferenciava era o corte de cabelo. Sarah estava tão intrigada com aquela raça que os fitou por alguns instantes até Rhotur chamar sua atenção. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Vamos ver como você se sai – disse ele retirando suas roupas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span></span><span style="">O Curior estava com uma alegria notável em seu rosto. Sarah retirou seus agasalhos, ficando apenas com as vestes de couro. Ficava impressionada como cada tenda na cidade se mantinha aquecida, apesar de serem um tanto frágeis. Lá de dentro nem parecia que o vento ártico era forte. Rhotur empunhou a espada de madeira, ficou em posição de ataque e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Vamos! Ataque-me!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Com hesitação ela obedeceu. Ergueu a espada acima da cabeça e o atacou com uma força brutal. Sem demonstrar esforço algum, ele levantou sua arma com uma das mãos e a bloqueou, segurando o braço da garota ele lançou-lhe um sorriso malicioso. Sarah arregalou os olhos e o Curior golpeou a dobra de seu joelho, forçando-a a cair sobre eles. A jovem mordeu os lábios inferiores, procurando conter a dor que estava sentindo. Nunca imaginou que algum dia alguém a acertaria com um pedaço de madeira.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Vamos tentar novamente – disse ele observando a garota ainda de joelhos no chão. – O que está esperando?Levante-se!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah ficou de pé e começou a movimentar sua espada de um lado para o outro, produzindo um som ao cortar o ar. Rhotur dava pequenos saltos para trás desviando de cada golpe. Ele deu um giro e a bloqueou de uma forma tão rápida que a garota mal conseguiu perceber. O Curior passou o braço sobre a espada de madeira da garota e a segurou enquanto puxava, lançando Sarah sobre o chão, cruzou as duas armas – de modo que lembrassem a forma de uma tesoura – em volta do pescoço dela e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Derrotada! Pelos Deuses você é péssima! – entregou a espada a ela, ajudando-a a se levantar. – Não serão espadas de madeira em uma batalha e nem eu lutando contra você. As pessoas que vai enfrentar são muito piores, elas não têm piedade e usufruem de todos os artifícios.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Enquanto ele caminhava ao seu redor, Sarah o seguia com os olhos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Vamos tentar mais uma vez!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Rhotur ergueu a arma e começou a dar vários golpes consecutivos. Instintivamente, a jovem colocou sua espada na frente do rosto, procurando se defender. Ele era rápido demais para ela, manuseava o pedaço de madeira com graciosidade e leveza assim como Sarah usava um lápis ao rabiscar um pedaço de papel. Algum tempo se passou e após várias derrotas, onde ela acabava sempre se levantando e apanhando de novo, começou a ficar impaciente. Estava cansada de apenas ficar se defendendo. Apertou o pedaço de madeira de forma que as pontas dos dedos ficaram brancas e, com um grito de raiva, tentou atacar as costelas do Curior, que sorria satisfatoriamente. Com um movimento rápido, ele se agachou, fazendo com que Sarah se desequilibrasse e em seguida, golpeou as costas e o joelho da garota que voou pelo ar e caiu ao chão, produzindo um som abafado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Desta maneira vai ficar aleijada antes de ser morta! – ao franzir a testa, ele a reprimiu: - Deixe de brincadeiras e lute a sério! Ou então quando precisarmos de ajuda matará a todos nós com seu jeito de donzela indefesa!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah ficou sentada e, ao apertar sua espada, uma lágrima escorreu de seu rosto. Naquele momento começou a se sentir de uma maneira que nunca mais havia se sentido: pequena e incapaz. Ao notar que estava mexendo com as emoções da garota, ele percebeu que chegara onde queria e com um sorriso disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Levante agora e lute sua fraca!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>O peito da jovem se movia de forma rápida enquanto ela tentava conter o choro. Todos, que antes estavam treinando começaram a encará-la. Uma chama de determinação agora brotava <st1:personname productid="em si. Sarah" st="on">em si. Sarah</st1:personname> se lembrou de todos aqueles que a reprimiam na escola, de quantas vezes segurou suas emoções quando Regina a humilhou. Enxugou a lágrima que havia escorrido com as costas do braço e, lentamente, começou a ficar de pé. Rhotur a encarava com os olhos azuis e penetrantes, a espera da primeira reação: ela se voltou para ele com uma expressão diferente no olhar, estava com os olhos um pouco apertados e os dentes se pressionavam tanto que o maxilar parecia mais grosso. Definitivamente ela tinha mudado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Nem um dos dois se movia, apenas esperavam o primeiro movimento. O Curior deu um largo sorriso de modo que seus dentes de vampiro ficassem à mostra, em seguida, atacou. As espadas se chocaram: <i style="">plak!</i> <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Isso mesmo! – <i style="">plak!</i> – Agora está ficando interessante!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ele tentou golpeá-la na costela, mas a jovem foi mais rápida e deu um salto para trás enquanto erguia os braços, depois o atacou no ombro e na dobra do joelho, forçando-o a cair sobre o mesmo. Pôs a espada no pescoço de seu adversário e, ao sorrir, disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Derrotado! Desta maneira vai ficar aleijado antes de morrer - Rhotur não pôde deixar de conter uma gargalhada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Você conseguiu libertar a fera que estava adormecida – fez uma pausa enquanto ficava de pé. – Acho que já vi o bastante de você por hoje.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah abaixou sua espada seguida de um longo suspiro e o Curior deu-lhe um forte golpe nas costelas. Ela reagiu instintivamente ao ataque, colocando sua arma no pescoço do adversário. A jovem agora prendia a respiração, na inútil tentativa de conter a dor. Revoltada berrou:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Por que fez isso?!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Não confie em ninguém e jamais baixe sua guarda!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ele a atacou novamente e a garota se defendeu com dificuldade, pois cada golpe que defendia era como uma pontada forte nas costelas. Uma dor insuportável tomava conta dela. Estava respirando com dificuldade por causa do ritmo frenético da luta, se ao menos tivesse a chance de se recompor, poderia voltar ao normal bem rápido, mas se continuasse daquela maneira iria ser derrotada, de novo. Sarah percebeu que estava fazendo tudo da mesma forma outra vez, não atacava, apenas se defendia, e desta forma a luta sempre acabava do mesmo jeito: com ela estatelada no chão.<span style=""> </span>Enfurecida, a jovem girou o corpo para o lado fazendo com que ele errasse o golpe. Em seguida, atacou a arma de Rhotur lançando-a para o alto e atacando as costelas dele. O Curior caiu de joelhos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Agora estamos quites – disse ela estendendo a mão para ele.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Os Curiors que assistiam à luta começaram a aplaudir e Rhotur deu um largo sorriso para Sarah, aceitando sua ajuda para ficar de pé. Depois colocou a mão sobre as costelas enquanto contraía o rosto com a dor que estava sentindo. Ele se aproximou dela, colocando a mão em seu ombro disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Agora você está mais do que pronta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Para que?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Para iniciar seu treinamento com espada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Mas pensei que...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Não achou que tínhamos começado, achou? – disse ele caminhando para longe. – Isto foi apenas um teste para ver se você era merecedora de aprender a arte de lutar com a espada. Além disso, não sou a pessoa mais indicada para te ensinar, meus noventa e sete anos me tiraram o vigor que tinha quando era mais jovem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah arregalou os olhos: “Noventa e sete?! Pensei que ele tivesse uns trinta”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- A pessoa mais indicada para ser seu treinador é meu filho, Urius.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ele colocou novamente suas vestes felpudas e Sarah fez o mesmo, acompanhando-o para fora da tenda de duelos. Ficaram frente a frente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Seu coração é forte Sarah-rogesh, você pode fazer coisas grandiosas para todos nós. Por hora deve descansar, mas amanhã bem cedo esteja aqui para iniciar seu treinamento – deu-lhe um sorriso. – Bariorir mod fer roejir orkalesh – fez uma reverência. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- O que você disse? – indagou ela, franzindo a testa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Eu disse: Que as estrelas a iluminem esta noite.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Já me disseram isso uma vez, é uma benção não é?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Sim, é.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Esta língua que vocês falam é muito engraçada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Um dia você vai ter que aprendê-la, mas receio que não será conosco. É só ter paciência, tudo há seu tempo – ele caminhou para longe.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Rhotur espere! Como faço para tomar um banho?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Você deve ir até o lago Mu’raën.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Mas é muito longe, eu teria que descer esta montanha inteira!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Isso não será preciso, eu te darei um Woriok.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Um woquê?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Um Woriok, como você acha que conseguimos construir esta cidade e trouxemos todas essas coisas para cá?Os Worioks nos ajudaram – ele deixou escapar uma gargalhada. – Vá descansar naquela tenda onde conversamos e daqui a algumas horas, antes de anoitecer, mando te acordarem e deixo algumas roupas novas para você.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span><span style=""> </span>Sarah assentiu, concordando, Rhotur fez uma reverência e caminhou para longe. Ela andou calmamente enquanto admirava a neve que caía cobrir tudo de branco, até que chegou a sua tenda. Ao entrar, retirou com dificuldade as vestes felpudas pois eram pesadas e suas costelas ainda doíam a cada movimento que fazia. Atirou-as para longe e caiu sobre a cama de almofadas. Estava com o corpo tão dolorido e repleto de hematomas, que não demorou muito para que caísse no sono. Quando dormia, a jovem mergulhava em um refúgio, em sua maioria, cheio de sonhos bons e recordações de sua terra natal, mas ultimamente começavam a ser perturbadores.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span></span><span style="">As memórias que tinha agora, aquelas que vinham de Elenwë, eram muito sofridas e permaneciam impregnadas em sua mente assim como a tatuagem recém formada em seu pulso. Às vezes se perguntava se a mulher, mesmo estando morta, queria lhe dizer alguma coisa. Deixou que as lembranças fluíssem e logo, viu-se mergulhada em mais um daqueles sonhos estranhos. Desta vez, a antiga Esbael estava caminhando em um belo jardim enquanto acariciava as mais diversas flores de forma delicada. Seu lindo sorriso refletia a imensa felicidade que sentia naquele lugar, por alguma razão, o ambiente trazia a Sarah certa paz interior.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sentiu como se algo a puxasse com força para baixo, vários flashes escuros surgiam rapidamente. Ela lutava contra a força que a puxava, tentando permanecer naquele belo jardim, mas fora mais forte do que ela e logo, se encontrava... Em sua tenda? Abria e fechava os olhos como se tentasse avistar outra coisa além de almofadas. Ao olhar para o lado viu que um Curior de cabelos curtos a fitava com uma expressão doce nos olhos claros. A garota deu um salto para o lado e o rapaz se movimentou para trás, tão assustado quanto ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Sinto muito rogesh, não era a minha intenção assustá-la – fez uma pausa. – Estava tentando acordá-la há alguns minutos, já faz algumas horas que você está dormindo desde que falou pela última vez com meu pai.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Algumas horas?!Quantas? – ela ficou de pé e tateou em busca e suas roupas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- E-eu não sei, não temos nada que conte exata...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Peraí, você disse que falei com seu pai? – franziu a testa. – Então você deve ser...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Urius – respondeu ele dando uma gargalhada e ficando de pé. – Urius Vraegr.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>O rapaz era alto e, apesar da beleza exótica que sua raça possuía, ele era muito bonito. Sarah estava extasiada, Urius aparentava ter a sua idade e ela jamais conversara com um garoto tão bonito com a mesma idade que a sua, mas assim como se enganou com Rhotur, poderia estar enganada com o filho dele. Ela deu um sorriso e apertando os olhos de curiosidade disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Quantos anos você tem Urius?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- O que?! – espantou-se ele. – Não é educado perguntar a idade dos outros.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Sei disso, mas sua raça me intriga. Espantei-me ao saber que seu pai tem noventa e sete anos, enquanto a você?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Tenho trinta e quatro anos, sou o filho mais novo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Minha nossa!Tá me zoando né?! – espantou-se. – Esperava uns vinte, mas trinta e quatro?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Palavras estranhas, o que isto significa?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- É só força de expressão – respondeu ela ainda boquiaberta. – Você disse que era o mais novo, quantos irmãos você tem?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Só mais um, Raldor, ele tem cinqüenta anos. Foi o penúltimo bebê que nasceu por aqui.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Quem foi o último?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Bem, eu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Quer dizer que o último bebê que nasceu foi há trinta e quatro anos? – ele assentiu. – Nossa!Quando Maya me disse que era raro nascer um bebê aqui esperava que demorasse uns dois anos no máximo, não isso tudo! – pestanejou como se tentasse voltar para a realidade. – Então, o que veio fazer aqui?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Quase me esqueci, vim aqui para te entregar estas roupas – entregou uma pequena bolsa de couro. – Aí dentro tem uma calça para que você use amanhã no treinamento – ele pigarreou e ao encher o peito de ar disse: - Quero que saiba que estou honrado em treiná-la.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah deu um sorriso e ele pareceu envergonhado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Muito obrigada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Venha comigo, dar-te-ei um Woriok para que possa descer até o lago Mu’raën e tomar o banho que deseja. Não podemos demorar ou vai anoitecer e será perigoso se sair por aí com os Muirakans a espreita.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span></span><span style="">Ambos vestiram seus agasalhos e saíram da tenda. Sarah segurava a pequena bolsa, que lhe havia sido entregue, sobre o ombro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Você falou Muirakans não foi? – ele assentiu. – Poderia me explicar o que são?Da última vez que os vi fiquei tão atordoada que nem me preocupei em perguntar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- São criaturas das trevas criadas com magia negra, eles têm sede sangue e matam tudo o que encontram no caminho. Não sei o porquê, mas os Muirakans têm uma estranha aversão a luz do sol e a animais selvagens como leopardos, tigres e panteras.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Agora sei por que Maya os derrotou tão facilmente na floresta – disse ela para si mesma. – Sabe de mais alguma coisa?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Bem, sei que não são muito numerosos, pois o número de animorfos cresce cada vez mais e eles estão sendo derrotados muito facilmente. Por isso o rei não se dá ao trabalho de criar muitos – o rapaz pareceu distante por um momento. – Temo que algo, pior do que os Muirakans apareça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Em minha opinião você não deveria esquentar a cabeça com novos e possíveis inimigos, devemos nos concentrar no presente e como não somos animorfos, estas criaturas continuam sendo perigosas para nós. Sofrer por antecipação pode interferir nas lutas futuras.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Tem razão rogesh, és mais sábia do que aparenta – ele parou de caminhar. – É aqui.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah olhou para o lado: havia uma cerca enorme que mais parecia um curral, onde três animais estranhos caminhavam calmamente. Um deles grunhiu e a jovem identificou na hora como um dos sons que se misturaram no ar quando ela estava passeando com Rhotur. Eram seres um tanto estranhos. Lembravam lobos da neve, mas a cauda era fina como a de um cão dálmata sem pêlo algum e sim, espinhos. Seus caninos eram tão grandes quanto os de um tigre dente de sabre e tinham a altura de um cavalo. O animal se aproximou, Sarah se afastou. Ele ficou de pé sobre as patas dianteiras e abriu suas grandes asas de pássaro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- O que é essa coisa?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Não fale assim! – ao se aproximar dela, Urius sussurrou: - Ou ele não concordará em levá-la.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Tudo bem, eu sinto muito – desculpou-se ela olhando para o animal, que pareceu desconfiado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Este é um Woriok – explicou Urius. - Nossos ancestrais encontraram esta raça aqui nas montanhas quando a escalaram pela primeira vez e decidiram construir esta cidade – fez uma pausa acariciando o pescoço do lobo, que fechava seus olhos com o afago – Teralar não existiria se não fosse por eles, só aqui estamos seguros das criaturas enviadas por Oberon.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Posso acariciá-lo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Você não se importa não é Nostyec? – o animal soltou um gemido – Vá em frente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah olhou para os olhos castanhos do Woriok e ergueu a mão na altura do animal, depois hesitou, mas por fim tocou seu dorso – ele fechou os olhos. Seu pêlo parecia uma seda branca que ficava invisível no meio de toda aquela neve da montanha. Urius observava o contato dos dois e a garota sorria com a exuberância daquele ser magnífico. O Woriok agitou a cabeça e ela retirou instintivamente a mão dele, o animal lambeu o rosto da Esbael e esfregou a cabeça em seu peito, mostrando que não a faria nenhum mal.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Ele gostou de você – comentou Urius.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Ele é lindo – disse ela sorrindo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Agora ele está disposto a transportá-la para onde quiser ir, é só dizer o lugar. Os Worioks conhecem todo o reino Koelsig.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Urius virou-se para um homem que colocava comida para os animais e mencionou algo em Ídier, ele andou até a cerca do curral e retirou as rédeas que estavam penduradas caminhando até o Woriok, colocando-a em sua boca e em seguida estendendo-a até seu dorso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Monte – disse Urius.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Montar?!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- É o único método para você chegar até o lago sem ter que descer a montanha inteira novamente. Não há perigo algum, Nostyec é nosso melhor Woriok.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Montar naquele bicho não poderia ser mais assustador do que montar em um dragão como já havia feito, foi o que Sarah pensou. Ela deu a volta no curral, entrando por uma portinhola. Em seguida aproximou-se do Woriok, que abriu suas enormes asas e agachou, para que ela subisse nele. Com hesitação, a jovem montou e deu ordem para o animal ir até o lago, ele correu passando rapidamente pelo portão. À medida que iam se afastando, a entrada da cidade e os guardas dela começavam a ficar menores, não demorou muito tempo para que Sarah pudesse ver a ponte de madeira que ela e Maya haviam atravessado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>O Woriok aumentou tanto a velocidade que até mesmo som de sua respiração podia ser ouvido. Ele começou a tomar outra direção sem parecer que atravessaria a ponte. Sarah começou a ficar preocupada, perguntava-se aonde o animal estava indo. Quando chegaram a uns dois metros de distância da ponte Nostyec deu um enorme salto caindo na grande fenda que se formava na montanha. Sarah começou a gritar, sentia um frio terrível na boca do estômago, o local de onde caíam era assustadoramente alto e ela apertou as rédeas. À medida que iam rapidamente se aproximando do solo a neblina que envolvia o topo da montanha começava a desaparecer e as imagens voltavam com nitidez. Estavam muito próximos do solo agora “Tô lascada!” – pensou ela. Neste momento, o Woriok abriu suas asas e ambos começaram a planar. A jovem sentiu como se seu coração fosse sair pela boca do susto que havia tomado e o animal bufava, como se estivesse rindo dela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ele fez um leve movimento, inclinando o corpo e assim, dando a volta na montanha. Cruzou o vale de vegetação rasteira e, não muito longe dali, estava o lago. O animal bateu as asas subindo um pouco e depois descendo, até pousar calma e graciosamente dando a impressão de ser tão leve quanto uma pluma. Sarah respirava de modo frenético. Definitivamente voar com um Woriok era muito pior do que com um dragão, ainda mais com um tão travesso quanto Nostyec. A garota o encarou por alguns instantes, depois abriu um sorriso e acariciou sua cabeça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Você quase me matou de susto! – o animal apertou os olhos como se estivesse envergonhado - Até que foi divertido. Agora fique aqui, eu já volto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Nostyec obedeceu. Sarah largou a bolsa de couro no chão e caminhou até a beira do lago aos poucos, retirou os agasalhos e as roupas de couro – tomando todo o cuidado para que não estivesse sendo observada. Depois, deu um mergulho. Respirou fundo ao sentir a água gelada tocar-lhe a pele, seu queixo se debatia sem parar e os lábios já estavam roxos. Passou uns vinte minutos banhando-se naquela calmaria e começou a pensar sobre os sonhos a que vinha tendo nos últimos dias. “Estes sonhos são muito estranhos, são como <i style="">flashbacks </i>em minha mente, é como se as recordações estivessem vindo de trás para frente” – pensou. – “Primeiro eu a vi morrer, depois ela estava em uma cela e agora, num belo jardim. Ah Elenwë, o que quer que eu faça afinal?”. Sem se dar conta, o tempo começou a passar mais rápido do que o normal e logo, o sol começava a se esconder por trás dos diversos morros e montanhas que cercavam aquela região.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah saiu da água e como não havia toalha alguma, se enxugou com as roupas felpudas que usara na neve. Depois abriu a bolsa que trouxera consigo: lá dentro tinha uma calça feita de couro e um corpete vermelho com pequenas cordas nas laterais. Após vestir as roupas de baixo, a jovem colocou a calça de couro e logo depois, o corpete. Era meio complicado de se usar, pois tinha que segurar o busto enquanto ajustava as cordas no lado das costelas, que ainda estavam doloridas, mas Sarah logo pegou o jeito. Ao terminar, ela se ajoelhou na beira do lago e encheu as mãos com um punhado de água, bebendo-a. Em seguida pegou mais um pouco e molhou o rosto. Enquanto passava uma das mãos sobre o queixo, procurando reter a água que caía, notou um reflexo na água que definitivamente não era o seu, ela se virou rapidamente para ver quem estava atrás dela, mas não havia ninguém ali, a não ser ela e Nostyec.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>A garota colocou a mão sobre a testa e fechou os olhos como se o reflexo na água fosse fruto de sua imaginação. Respirou fundo e abriu-os de novo, a mulher estampada na água permanecia lá, encarando-a com seus olhos verdes tristonhos, lágrimas escorriam por seu rosto, era como se ela tentasse lhe dizer algo, mas não conseguia. Aquela mulher era... <i style="">Elenwë. </i>Sarah não poderia ficar ali mais tempo ou iria anoitecer, sem mencionar que o reflexo a estava assustando mais do que os sonhos que tinha com a mulher.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ela guardou as roupas de couro que ganhara dos Endirvis dentro da bolsinha, depois se levantou, vestiu suas roupas de frio e correu até Nostyec, ignorando o reflexo que vira. Em pouco mais de meia hora os dois já estavam novamente no topo da montanha e, cansado de voar, o Woriok apenas caminhava. Ao passarem pelos portões, Sarah entregou as rédeas para o homem que cuidava dos animais e caminhou até sua tenda, jogando a bolsa em qualquer lugar, retirando os agasalhos e caindo sobre as almofadas. Ela verificou se a mochila onde guardava o livro – que escondera sob as almofadas – estava bem, depois se pegou distraída em seus pensamentos, até adormecer mais uma vez.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Seu sonho a transportou novamente para o jardim aconchegante, cada planta ali aparentava ter pelo menos um metro de altura e todas juntas formavam um arco-íris de cores. Elenwë parecia feliz ao passear por aqueles campos, algum tempo depois ela se virou e foi ao encontro de alguém que a chamava, mas Sarah não conseguiu ver quem era. Por ser uma pessoa alta de corpo atlético, ela deduziu que seria um homem, a única coisa que conseguia ver era seu cabelo longo cor de cobre e sua mão em volta do ombro da mulher. O ser misterioso a conduziu para uma sala muito grande com estantes repletas de livros e lampiões presos à parede a iluminavam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Três homens estavam de pé na ponta de uma mesa longa e retangular. Seus cabelos grisalhos, linhas estampadas em seus rostos e a pele enrugada diziam que eram idosos. Um deles tinha uma barba longa que tocava a barriga e vestia uma túnica vermelha de veludo com um peito – decorado com uma vara e pequenas estrelas em volta, era um símbolo bem familiar para Sarah – sobre ela, a manga comprida da túnica era de cor bege e usava também uma capa que seguia o mesmo padrão da manga. O segundo vestia o mesmo tipo de roupa, só que a cor era verde. O último dos senhores seguia o mesmo padrão com a túnica branca.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Elenwë se aproximou cautelosamente. Um dos três anciãos movimentou os lábios, pronunciando algo em Ídier que Sarah não conseguia entender, a expressão da antiga Esbael foi estranha. Ela colocou a mão sobre a boca como se recebesse uma notícia decepcionante e forte como uma bomba, Elenwë se virou e abraçou o homem que a havia acompanhado, chorando em seus braços. Parecia realmente triste. As imagens começaram a se perder e, mais uma vez, Sarah se viu em sua tenda, esparramada sobre as almofadas de couro. Esfregou os olhos vermelhos e cansados, depois verificou a mochila – como havia se acostumado a fazer – e levantou de sua “cama”. Ao colocar as roupas de frio, foi para o lado de fora caminhar um pouco. Mais adiante encontrou Urius pegando uma espada de madeira, ele a observou e disse:<span style="color:red;"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Ah, bem na hora rogesh.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah ainda estava atordoada, mas acabou encontrando as palavras que queria:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span><span style=""> </span>- De que?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Do seu treinamento com espada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Mas não iria ser apenas amanhã? – indagou ela, um tanto sonolenta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Já é de manhã – respondeu o rapaz sorrindo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Já?!Mas ainda está escuro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- A neblina daqui é muito forte, acho que por isso está se perdendo, é só uma questão de tempo até se acostumar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Tem razão, ainda mais quando não se dorme bem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Está cansada?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Sim. Mas não vou morrer por causa disso – disse ela calmamente ensaiando um sorriso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Muito bem, pegue! – atirou a espada de madeira para ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Os dois caminharam para a tenda de duelos. Estava vazia. Urius sentou-se no chão com as pernas cruzadas e encarou Sarah por um tempo, até que disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Diga-me, você já manejou uma espada?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Não – respondeu ela calmamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Só queria confirmar, quando meu pai me contou mal pude acreditar – fez uma pausa. – Então não podemos lutar agora, primeiro você deve aprender um pouco sobre espadas – ele deu um longo suspiro enquanto procurava as palavras adequadas. - A espada, de forma diferente das outras armas, é muito mais do que um objeto que alguém acha no chão para usar em combate e depois deixa de lado em tempos de paz. Ela é tão essencial quanto à própria armadura, já que sem a arma um guerreiro não é um guerreiro. Você deve saber tudo sobre ela, desde a limpeza até como caminhar e colocá-la em uma posição apropriada durante uma conversa. Então, vamos começar?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Se hoje só vai ser assim, estou mais do que pronta. Meu cansaço não iria deixar que eu lutasse.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Urius riu. Depois colocou a mão no queixo como se pensasse no que iriam fazer. Enfim, levantou-se e caminhou para fora. Não mais do que dez minutos depois, ele retornou, trazendo consigo uma espada de verdade <st1:personname productid="em m ̄os. Ele" st="on">em mãos. Ele</st1:personname> explicou que quando a espada está presa à cintura, Sarah deveria repousar a mão sobre o punho enquanto caminhava, disse também que para limpá-la a jovem deveria molhar um pano com água e deslizá-lo lentamente sobre toda a lâmina para que o fio não o rasgasse. Este método deveria ser usado se por acaso houvesse sangue impregnado, caso contrário um pano seco serviria para poli-la.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Disse que enquanto estivesse parada conversando com alguém, não precisaria segurar o punho da espada e assim, teria oportunidade para relaxar as mãos. Fez alguns movimentos e obrigou Sarah a executá-los também, ensinou que ela deveria estar sempre atenta a todos a sua volta e que tudo deveria ser como um espelho para ajudá-la em suas observações como a lâmina da espada, por exemplo, olhando para ela se podia ver quem estava por trás durante uma luta e assim, cuidar de mais de uma pessoa simultaneamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span></span><span style=""><span style=""> </span>Explicou que durante uma batalha ela deveria esvaziar sua mente de todas as preocupações para que a espada deslizasse por sua mão, mas alertou quanto a prestar atenção ao seu redor. Depois que terminou suas explicações e a fez repetir tudo para ver se tinha entendido, já havia entardecido. Urius a dispensou e avisou que amanhã pela manhã mandaria alguém acordá-la pelo menos até que esta se acostumasse com o ambiente nebuloso da montanha.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah caiu sobre suas confortáveis almofadas e ficou pensativa. Passou a tarde inteira ali, totalmente isolada do mundo exterior, até adormecer. Em seu segundo dia na montanha, e décimo naquele mundo, Sarah foi despertada por um Curior vestido em trajes felpudos. Ela se dirigiu imediatamente para a tenda de duelos onde encontrou Urius na entrada segurando duas espadas de madeira.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- A partir de hoje é só prática – disse ele com a voz doce que sempre usava, acompanhada de um sorriso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span></span><span style="">Ambos entraram. Urius posicionou-se em frente à Sarah, ele não mantinha postura nenhuma apenas aguardava pacientemente por um ataque direto da garota, sem desviar o olhar dela. Ao erguer a espada, Sarah correu em sua direção. Urius movimentou-se para o lado desviando do golpe e com um movimento rápido, atingindo as costas da jovem. Ela se recuperou da pancada e voltou-se para o Curior. O rapaz notou que ela segurava muito forte a espada, tanto que as pontas de seus dedos estavam brancas. Ele esperou que a garota se aproximasse e novamente deu-lhe um forte golpe do joelho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Os músculos do rosto de Sarah se contraíram de dor, mas ela se recuperou e voltou a atacar – estava mais persistente do que nunca. Não importava o que ela fizesse, o quanto cansasse, não conseguia de forma alguma penetrar na defesa do rapaz. Ele estava impassível, apenas a observava. Sarah respirou fundo e tentou atacá-lo nas costelas, mas com um movimento rápido ele a bloqueou e com outros mais rápidos ainda, acertou-a em três pontos diferentes: nas costelas, no ombro e no joelho. A prática tinha durado o dia inteiro e agora já anoitecia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Sarah mancou de volta para sua barraca e, novamente, adormeceu. Desta vez as recordações de Elenwë haviam sido substituídas pelos diversos golpes aprendidos e as lições que Urius havia lhe ensinado. Três dias se passaram e em todos os seus treinamentos, a garota ainda não havia conseguido atingir o Curior em parte alguma, ela estava ficando agitada e daí vinha sua vontade de continuar tentando. Sarah tinha hematomas por todo o corpo, principalmente nas costelas, ali era o pior lugar pois cada vez que ela respirava sentia uma forte pontada e mal conseguia se movimentar durante o treinamento. Mas uma coisa a deixava feliz, a cada luta ela se aperfeiçoava principalmente por causa das broncas que Urius dava nela quando suas mãos estavam tensas demais e quando notava que estava distraída.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>A jovem já estava na montanha há cinco dias. Sarah estava começando a ficar exausta por causa dos constantes treinamentos que exigiam demais dela, sem mencionar o quão entediante era ficar naquela cidade sem nada para fazer, apenas treinar e dormir o tempo inteiro. O único lazer que ela tinha era caçar uma vez ou outra com os Curiors montados nos Worioks. Outra coisa que lhe dava saudade era Maya, desde que a deixou lá que não dava notícias e isso a deixava um tanto preocupada com o que poderia ter acontecido a animorfa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Naquele dia, como de costume, ela caminhou até a tenda de duelos e lá começou sua luta com Urius. Um sorriso estava estampado no rosto da jovem e ela estava determinada a acertá-lo pela primeira vez. Ele esperava que ela o atacasse, mas ficou completamente parada, apenas prestando atenção enquanto olhava no fundo dos olhos dele. Sorrindo, Urius atacou, mas ela conseguiu bloquear. O rapaz tentou atingi-la no pescoço mas com um movimento rápido se abaixou e o acertou no joelho fortemente. Reagindo, ele abaixou a espada em sua direção. <i style="">Plak!</i><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ela girou o corpo para o lado no momento em que ele a atingiu no ombro. Com outro golpe forte as espadas se chocaram. <i style="">Plak!</i> Mantiveram a posição até gotas de suor escorrerem no rosto de cada um. Afastaram-se e novamente as espadas se encontraram. <i style="">Plak!</i> Agora estava difícil para ambos atingir um ao outro, estavam praticamente do mesmo nível, a única diferença era que Urius vinha de uma raça diferente, consequentemente chegava, na maioria das vezes, a ser mais forte do que Sarah, mas ela dava conta do recado. Concentrados, foram surpreendidos quando Maya irrompeu na tenda.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- A situação não está nada boa! – disse ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Os dois se afastaram, procurando tomar um pouco de ar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- O que houve? – indagou Sarah franzindo a testa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><o:p> </o:p></span></p>devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1887075425575350270.post-42025459520093463222007-12-18T17:51:00.000-08:002008-12-09T14:03:49.579-08:00Capítulo 5 – O início de uma jornada<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh22UwDQN25ki2BI77M4hgklEdRMQs71OWP47uEByJn5OOi4Uh63AWXQW3flgAedzvw8uhG5pl31BQtyg6uGSo0O4z4TrC7AopCQ2Ypu7x5Gu7STRYwfRyQ-aXBqsFm6aVzhzSAsEdV3Bzy/s1600-h/maya.JPG"><img style="margin: 0pt 10px 10px 0pt; float: left; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh22UwDQN25ki2BI77M4hgklEdRMQs71OWP47uEByJn5OOi4Uh63AWXQW3flgAedzvw8uhG5pl31BQtyg6uGSo0O4z4TrC7AopCQ2Ypu7x5Gu7STRYwfRyQ-aXBqsFm6aVzhzSAsEdV3Bzy/s400/maya.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145502819408317378" border="0" /></a><br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgshznz_IMcV8PGb-VSUm90Swowvl5-hBlUi4R7nwgM5TG3-iMdxwcbyEyPg4mhJLnd2rl5JLP768IOHbcJOxIUJEvTuyZUwajPZX2z8wAdQnTPvsGyrw8-gE4P_rEhxUjIycXkPRw3FMTq/s1600-h/Dragone.jpg"><img style="margin: 0pt 0pt 10px 10px; float: right; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgshznz_IMcV8PGb-VSUm90Swowvl5-hBlUi4R7nwgM5TG3-iMdxwcbyEyPg4mhJLnd2rl5JLP768IOHbcJOxIUJEvTuyZUwajPZX2z8wAdQnTPvsGyrw8-gE4P_rEhxUjIycXkPRw3FMTq/s400/Dragone.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145502248177666978" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b style=""><span style=""><o:p> </o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b style=""><span style=";font-family:";font-size:11;" ><br /><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b style=""><span style=";font-family:";font-size:11;" ><o:p> </o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah notou que os músculos no rosto escamoso do dragão se contraíam. Ele apertou seus grandes olhos, como se analisasse os fatos. O animal, como sempre, caminhou até ela a passos lentos e sentou ao seu lado. Correu os olhos azuis para o teto da caverna , depois se voltou para a garota e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Isto é muito estranho... – fez uma pausa. – É como se vocês duas compartilhassem as mesmas lembranças e sentimentos. É difícil dizer se esta visão que você teve está relacionada com um passado já vivenciado ou se faz parte de um futuro próximo. De alguma forma, Elenwë se conectou a você. As chances de ela estar viva são mínimas, mas talvez seja possível sim. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Como ela se ligou a mim?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Talvez essa ligação tenha sido conseqüência de algum feitiço proibido.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Entendi. Muito obrigada por tudo Kionnuhr.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O dragão esticou os lábios formando um leve sorriso enquanto fechava os olhos. Ele inclinou levemente a cabeça, e tocou-lhe o ombro com o focinho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Agora vá, cada minuto é precioso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tudo bem, até logo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Até – despediu-se Kionnuhr.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah fez uma reverência e foi ao encontro de Maya, que a aguardava próxima a entrada da caverna. Ao encontrarem o grupo do lado de fora, ambas explicaram a situação em que se encontravam. Disseram que teriam de se separar, pois Sarah deveria iniciar seu treinamento <st1:personname productid="em breve. Maya" st="on">em breve. Maya</st1:personname> pediu para que as levassem até o outro lado do lago Mun’raën e, um a um, os Endirvis embarcaram em suas canoas, e começaram a remar. Ao final da travessia uma forte brisa correu entre eles e Sarah notou um campo com vegetação rasteira.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A jovem agradeceu a Arian por toda a hospitalidade e aos Endirvis pela escolta até a caverna Duisternes. Maya, que passara todo o tempo segurando seu braço ferido se abaixou enquanto retirava um cantil – feito de pele de animal – que estava amarrado em sua cintura. Ela o abriu e encheu com água do lago. Depois, Sarah e ela passaram um bom tempo se despedindo dos amigos até que começaram a caminhar para longe, e desapareceram de vista.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Para onde vamos? – indagou Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Primeiro você precisa aprender a manejar a espada e os mais indicados para te ensinar são os Curiors.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Curiors?Quem são eles?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- São criaturas semelhantes a humanos, só que eles têm uma cor de pele bem diferente e vivem nas montanhas Leeuw Tand que fica a uns quatro dias daqui.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Caminharam durante uns quarenta minutos e Sarah começou a sentir seu pé latejar. As pernas já não estavam mais tão fortes quanto antes e seus joelhos pinicavam. Quando chegaram ao pé de uma montanha, Maya gesticulou para que as duas dessem a volta. Agora havia um morro bem diante delas e ao longo dele, uma variedade de flores como: orquídeas e rosas, nas cores, branca e vermelha. Ao passarem pelo morro puderam ver que havia um monte de pedras, uma sobre a outra, de modo a lembrar o movimento de ondas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A travessia por aquelas pedras era bem difícil, era íngreme e algumas vezes, quando Sarah apoiava o pé em uma delas, acabava derrubando várias pela ladeira que se formava – sorte não ter ninguém <st1:personname productid="em baixo. Levou" st="on">em baixo. Levou</st1:personname> algum tempo para que ultrapassassem tal obstáculo, pois deveria ser feito com cautela. Quando finalmente chegaram ao outro lado, uma brisa suave refrescou seus rostos molhados de suor, trazendo-lhes certo alívio e calmaria. Não muito distante dali, podiam ver que pinheiros em diversos tamanhos se espalhavam por um vale onde havia duas montanhas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Falta pouco agora – disse Maya calmamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ainda falta?! – disse Sarah alterando a voz ofegante.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Ela não agüentava mais andar, neste momento sentiu falta de um carro ou bicicleta, mas sabia que estava longe de ter algo assim <st1:personname productid="em Amagar. Mal" st="on">em Amagar. Mal</st1:personname> conseguia sentir os pés, a todo instante as leves brisas traziam poeira que grudava em seu rosto suado. Estava imunda, com sede e muito cansada. Perguntava-se se Maya realmente dizia a verdade ou se ainda faltava mais um quilometro a percorrer. De qualquer forma, não adiantava contrariar, deveria se calar e seguir em frente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O vale era bem mais fácil de atravessar pois não havia obstáculos, apenas grama, então logo chegaram às montanhas. Maya se aproximou de Sarah e retirou sua pele de tigre, entregando-a para a garota.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Melhor colocar isso, vai precisar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A animorfa se voltou para a montanha, esfregou as mãos em suas vestes e colocou o pé direito em uma das várias brechas que formavam a montanha, depois a mão esquerda um pouco acima da cabeça. Sarah arregalou os olhos e apertou a capa contra o peito enquanto corria os olhos pela montanha até o topo, que era praticamente impossível de se ver nitidamente devido à grande quantidade de neblina que o envolvia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tá brincando né? – voltou-se novamente para Maya que já havia começado a escalar. – A gente tem que subir isso tudo?!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Olhe pelo lado bom, suas pernas vão descansar para dar vez as mãos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah deixou o queixo cair enquanto observava o jeito sorridente e despreocupado da mulher, mesmo depois de todo o percurso que haviam feito ela não parecia cansada. A jovem amarrou a pele nas costas e puxou um capuz que pendia na parte de traz. Em seguida, se aproximou, enxugou as mãos e apoiou o pé na mesma brecha por onde Maya tinha passado. À medida que ia escalando, mesmo não olhando para baixo, Sarah tentava controlar o nervosismo que embrulhava seu estômago e deixava suas mãos ainda mais molhadas do que antes.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Deu uma parada e fechou os olhos enquanto apertava ainda mais a brecha em que estava agarrada. Respirou fundo. Olhou para cima e notou que Maya estava bem distante. Perguntava-se como ela conseguia subir tão rápido em um local tão íngreme. Era terrivelmente alto e qualquer passo em falso resultaria num acidente <st1:personname productid="em que Sarah" st="on">em que Sarah</st1:personname> procurava nem pensar nas conseqüências.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Uma luz alaranjada, e mais quente do que qualquer outra durante o dia, envolvia o corpo de Maya. A animorfa colocou uma das mãos em uma superfície plana cheia de terra. Procurou deixar os pés na mesma altura e segurou firme uma pedra que se encontrava presa na superfície – que havia encontrado. Colocou um dos pés no ponto mais alto que encontrou e empurrou ao mesmo tempo em que puxava a pedra. Agarrou o chão com a outra mão e fez força para colocar o pé restante no topo. O suor escorreu pelo couro cabeludo e pingou no chão. Ela se virou, de modo a ficar frente a frente com a luz do sol. Depois, deitou-se e abaixou as mãos para que Sarah pudesse segurar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Venha, eu te ajudo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Diferentemente de quando começaram a escalar, Maya agora parecia realmente cansada. Seu rosto brilhava de tanto suor e ela mordia os lábios inferiores. Sarah se aproximou um pouco mais e estendeu uma das mãos para agarrar a da animorfa. Estavam um tanto escorregadias, porém geladas. Quando conseguiu agarrar as duas mãos, subiu um dos pés de modo que estivesse na mesma altura do outro e usou como apoio para facilitar o trabalho de Maya.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Quando viu terra firme, Sarah deitou com a barriga para baixo, esticando as pernas e os braços dormentes. O coração inquieto agora começava a se acalmar e ela passou alguns instantes com os olhos fechados, sentindo o forte vento que cortava a montanha. Ouviu um som, como se algo se arrastasse pelo chão. Ao abrir os olhos sentiu uma ardência devido à luz do sol, mas notou que Maya se levantava.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tenho que ir caçar. Precisamos nos alimentar agora e guardar um pouco de comida para nossa viajem. Afinal, caminharemos bastante e não podemos sentir fraqueza – pegou o cantil e jogou ao lado de Sarah. – Beba um pouco, não muito. Ainda vamos precisar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya saltou da montanha, e logo depois Sarah ouviu o piar de um pássaro. Uma águia sobrevoou o ambiente depois desceu. Ao chegar ao pé da montanha a animorfa se transformou em um leão da montanha. O belo animal ergueu a cabeça e cheirou várias vezes o ar. Olhou para além dos pinheiros com seus grandes e penetrantes olhos amarelos. O felino se encolheu e caminhou lentamente em direção a um cervo filhote que estava próximo a mãe.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O animal comia tranqüilamente a grama. Maya chegou bem perto. A mãe do pequeno cervo ergueu as orelhas e correu os olhos negros pelos pinheiros, sempre atenta. Maya chacoalhou calmamente seus ombros e quando o animal abaixou a cabeça, ela deu um salto veloz em direção a eles. Instintivamente, a cerva deu um leve toque com o focinho em seu filhote e correu para longe com o pequenino bem atrás. A animorfa estava exausta, mas tinha de conseguir alimento antes do anoitecer.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Suas grandes patas se moveram ainda mais rápido e ela se lançou sobre a cerva. Dando-lhe uma mordida brutal no pescoço. O animal morreu imediatamente. Sem a presença da mãe o filhote ficou um pouco confuso, sem saber que direção tomar, tornando-se uma presa ainda mais fácil. Maya, ainda em sua forma de felino, abocanhou o corpo do cervo menor e o levou até o pé da montanha.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Ela deu um salto e cravou suas garras nas brechas. O porte do animal em que estava transformada e as garras auxiliavam bastante durante a escalada e não demorou mais do que uns vinte minutos para que chegasse onde Sarah estava. A garota estava encostada em uma parede com as pernas esticadas e os olhos fechados, parecia realmente muito cansada. A animorfa se aproximou e colocou o cervo no chão com uma pancada abafada. Sarah abriu os olhos de forma rápida e ao notar o pequeno animal ensangüentado estirado no chão, arregalou-os.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu já volto – disse Maya, saltando novamente da montanha.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;color:red;" ><span style=""> </span></span><span style=";font-family:";font-size:11;" >Sarah nunca tinha visto um animal morto antes. Aliás, nunca tinha visto qualquer outro ser morto. Era triste ver uma criaturinha daquele tamanho com tanto sangue escorrendo por seu dorso. Apesar de ser filhote, seus olhos negros eram bem grandes e tinham um brilho incomum e triste. A jovem sentiu um caroço se formar em sua garganta. Em que mundo maluco ela tinha caído. Um lugar onde as pessoas caçavam pra sobreviver, um mundo onde ainda havia escravidão, e bruxos, e humanos conviviam com dragões. Era difícil para ela se acostumar com aquilo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Procurou desviar seu olhar do cadáver do cervo e observou o pôr-do-sol no horizonte. Aos poucos, o suor que antes envolvia seu corpo, desaparecia. Quanto mais o anoitecer se aproximava mais frio era o ambiente e depois de ter caminhado tanto, Sarah sentia suas pálpebras ficarem cada vez mais pesadas e começavam a se fechar involuntariamente. Durante o breve momento que descansou os olhos, ouviu um baque abafado. Maya havia lançado outro cervo, só que este era maior do que o que trouxera antes.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Quando a animorfa se aproximou do cervo menor, finalmente voltou para sua forma humana. Sarah não pôde evitar que seu rosto se contraísse ao ver os lábios carnudos da mulher cheios de sangue. Maya apanhou o cantil que estava próximo da garota e colocou um pouco de água na boca, chacoalhou e cuspiu para longe. Derramou um pouco do líquido na mão e passou sobre os lábios avermelhados pra que eliminasse os vestígios de sangue. Tampou o cantil e o amarrou na cintura.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Estou exausta – disse ela sorrindo enquanto sentava ao lado de Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Num é pra menos, foi um dia muito cansativo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ainda não acabou – Sarah lançou-lhe um olhar fulminante. – Calma, não é o que você está pensando. Sabes fazer fogo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sei, por quê?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Pode fazer, por favor?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Posso, mas preciso de gravetos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya olhou em volta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Aqueles servem? – indagou, apontando para uma pequena quantidade de gravetos espalhados.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Servem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah ficou de pé e caminhou em direção aos pedaços de madeira, pegou uma boa quantidade deles e voltou a se sentar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Nenhum deles é grosso o suficiente para fazer furos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Fazer furos?!Para quê? – indagou Maya, espantada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ué, para fazer o fogo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Nós usamos pedras – abriu a bolsa de couro que tinha na cintura e retirou duas pedras de tamanho médio. – Pegue – disse ela as entregando para Sarah. – Quando se vai viajar para uma montanha onde é difícil encontrar pedras como estas, tem que vir prevenida.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Como vou fazer fogo com isto?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Pensei que tivesse dito que sabia fazer.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu sei fazer fogo, mas não desse jeito – respondeu a jovem. – Meu método é bem mais prático.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Junte os gravetos e bata uma pedra contra a outra sobre eles. As faíscas vão fazer o resto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya observou o olhar engraçado que Sarah lançava para as pedras, enquanto caminhava até o cervo menor. Ela desembainhou sua adaga e pegou um punhado do couro do animal, depois perfurou um pedaço e puxou com força, pra que pudesse arrancar toda a pele que segurava. Lançou o couro que havia arrancado para longe e pegou mais um pouco. A carne vermelha e um tanto engordurada do cervo estava à mostra. A animorfa notou que Sarah a observava de soslaio, com os olhos apertados.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não pense que gosto de fazer isso – disse rapidamente sem parar o que estava fazendo. – Mas é uma questão de sobrevivência, para comer carne temos que matar animais vivos. Geralmente preferia comprar em algum açougueiro, mas estamos muito distantes de qualquer outra coisa que não sejam pinheiros e montanhas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Só fico me perguntando como você consegue fazer algo assim com tanta calma – comentou a jovem enquanto batia uma pedra contra a outra na esperança de ver ao menos uma faísca.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Costume – respondeu Maya lançando outro pedaço de pele para longe. – Para chegar à floresta Flóriur da terra dos bruxos eu precisava caminhar bastante. Claro que na forma de um animal é bem mais rápido, mas não o suficiente para chegar em um dia, então eu tinha que caçar... – fez uma pausa. – Um dia você também vai se acostumar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Nunca – respondeu Sarah rapidamente. – Não quero ter que fazer algo tão nojento.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya deu uma gargalhada baixa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Mas algum dia vai ter que fazer se quiser sobreviver. Assim como também terá que matar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha só de pensar que algum dia teria de matar alguém. Com o olhar um pouco distante, ela apertou as pedras que segurava de modo que as pontas dos dedos ficaram brancas. Fechou os olhos e balançou a cabeça como se procurasse despertar. Depois começou a batê-las, uma contra a outra, produzindo leves faíscas que saltavam sobre o amontoado de galhos. Havia uma pequena folha em um dos galhos e ao queimar, a chama se prolongou até os outros gravetos e a fogueira se formou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Feliz, a jovem se voltou para Maya com um leve sorriso estampado no rosto. A pele morena de Sarah ficou branca depois do que viu: a animorfa abrira um buraco na barriga do cervo e à medida que retirava os órgãos do animal, os enterrava. Sarah levou uma das mãos até a boca e se voltou para o lado oposto. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya cortou cada pedaço de gordura do cervo, depois fatiou a carne em diversos pedaços grandes. Enxugou as mãos ensangüentadas na roupa, depois retirou a bolsa da cintura e a abriu. Pegou um trapo que guardava nela e o esticou no chão, apanhando a carne e a envolvendo no pedaço de pano. Em seguida, guardou-a na bolsa e empurrou para longe. A animorfa puxou o cadáver do cervo maior e começou a fazer o mesmo que fizera com o anterior.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Melhor você descansar um pouco, vai demorar pra que a comida fique pronta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah criou coragem para olhar na direção da mulher.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não sei se ainda quero comer – disse ela calmamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ora vamos, deixe de bobagens – arrancou um grande pedaço de pele e jogou para longe. – Quando chegarmos ao topo da montanha, vai se arrepender de não ter se alimentado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A garota engatinhou até a parede mais próxima e se encostou. Retirou a pele de tigre que usava nas costas e colocou sobre o corpo, estava cada vez mais frio no alto da montanha e ela já começava a notar que as unhas ficavam roxas. Ao olhar para cima, percebeu um rápido feixe de luz correr pelo céu negro da noite. “Uma estrela cadente!” – pensou. Sarah fechou os olhos desejando que pudesse algum dia, voltar para casa e tornar a ver sua família e amigas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Abriu-os. “Que bobagem a minha, fazer um pedido para uma pedra que se desintegra na atmosfera do planeta”. Devo estar mesmo desesperada.” – pensava ela enquanto abria um leve sorriso. Suspirou, observando a fumaça branca que saía de seus lábios. “Puxa, está mesmo frio aqui”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Quando finalmente terminou de cortar a carne em pequenos cubos, Maya pegou um dos gravetos que queimavam na fogueira e, com pequenas batidas no chão, apagou a chama. Depois espetou a carne nele e colocou sobre o fogo. Seus olhos azuis brilhavam ao observar, constantemente, o crepitar das chamas. Ela estendeu o braço ferido. Apesar de ter tratado do machucado com ervas medicinais, ainda assim ardia muito e a escalada só havia piorado a dor.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sarah – disse ela estendendo o graveto com a carne assada. – Coma.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A jovem observou a comida. Mesmo depois de ter visto como Maya tratava da carne, a maneira com a qual a mulher arrancava a pele do pequeno animal para que pudesse servir de alimento para elas. Ainda assim não perdera o apetite. Estava exausta e seu estômago roncava como nunca. Deu uma mordida na carne mal passada, estava bem quente pois estivera em contato direto com as chamas, mas queimar a língua não era nada perto da fome que sentia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Mastigando de forma selvagem e engolindo o mais rápido que podia, Sarah notou que a animorfa estava de frente para a fogueira com as mãos estendidas de modo que as aquecesse. Sua expressão era impassível e despreocupada. Ela observava as chamas envolvendo a carne que colocara na fogueira. Os olhos azuis, que faziam força para se manterem abertos, brilhavam mais do que nunca. De certa forma parecia cansada. O olhar de Maya se voltou para Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que foi?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Nada – disse a jovem engolindo o pedaço de carne. – Só estava me perguntando como você vai se aquecer. Já que me deu sua capa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não se preocupe com isso – respondeu ela ensaiando um sorriso. – Posso virar um animal que possa se aquecer lembra?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Como uma ovelha?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Engraçadinha – disse ela dando uma risadinha sarcástica. – Por que não tenta dormir?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Ao terminar de mastigar o último pedaço de carne, Sarah deitou de forma lenta e puxou a capa de tigre até o pescoço. Seus olhos ardiam, os pés ainda estavam dormentes e o frio aumentava ainda mais sua exaustão. Bastou fechar os olhos e a jovem caiu em um sono profundo. Sem pensamento algum, apenas uma escura imensidão e uma sensação relaxante incomparável.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Vraldres (não demorou) – murmurou Maya.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Ela retirou a carne do fogo e observou o céu enquanto dava uma mordida. Nuvens acinzentadas que revestiam a abóbada celeste ausente de estrelas, davam-lhe um ar sombrio. A lua cheia estava completamente visível. Maya engoliu a comida de forma vagarosa enquanto fechava os olhos e sentia o vento frio beijar-lhe o rosto. Era uma sensação muito boa para quem passara o dia inteiro escalando uma montanha e sendo castigada pela fadiga e pela sujeira que estava impregnada em todo o seu corpo. Após alguns minutos, quando finalmente conseguiu terminar de comer, ela se deitou e adormeceu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Quando a aurora tocou a montanha, a animorfa levantou lentamente enquanto erguia os braços, emitindo um som de satisfação. Não muito longe dela, Sarah dormia tão profundamente que parecia estar morta. Maya balançou a cabeça e pôs-se de pé. Colocou a mão sobre o ombro da jovem, agitando-o para que ela acordasse, mas não teve resultado. Pegou o cantil preso à cintura, abriu-o e jogou um pouco da água sobre o rosto de Sarah que deu um salto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Hora de acordar – disse a animorfa sorrindo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Que modo de acordar alguém – disse Sarah enxugando o rosto com as costas do braço. – O sol ainda está nascendo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É a hora perfeita, vamos, levante!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Naquele momento, a jovem sentiu uma vontade tremenda de saltar sobre o pescoço de Maya. Como se não bastasse terem passado o dia inteiro caminhando e ainda por cima dormirem tarde. Acordar quando o sol ainda nascia aumentava ainda mais sua exaustão. Sarah mal conseguia abrir os olhos, mas conseguiu ficar de pé e vestir a capa de tigre, esfregando o peito na esperança de se manter aquecida. Ela deu leves tapas nas bochechas enquanto arregalava os olhos, tentando desembaçar sua vista cansada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que está esperando?! – a voz de Maya ecoou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A animorfa estava já estava no alto e a forte neblina que envolvia o pico da montanha, começava a esfriar seu corpo. Sarah levou um susto, perguntava à si mesma como alguém poderia ter tanta disposição. Caminhou até a brecha da montanha de forma vagarosa e começou a escalar. Maya estava parada, apenas aguardando que a jovem a alcançasse, o que não demorou mais do que alguns minutos. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah sentia suas mãos começando a suar e ficou com uma vontade imensa de olhar para baixo, mas o medo do que poderia acontecer a segurou. À medida que escalava, a jovem sentia que a temperatura despencar assustadoramente. Estava terrivelmente frio. As juntas dos seus dedos começavam a pinicar era como se pequenas agulhas furassem sua pele. A impressão que ela tinha era que, aos poucos, perdia o movimento dos dedos. Estava sem força para se segurar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A carne, sob suas unhas, estava roxa. Já se encontravam a mais ou menos seis metros de altitude se contados do local onde haviam parado pela última vez. Ela sentia como se suas energias estivessem sendo drenadas por causa das pontadas espalhadas por seu corpo. Pressionou o corpo contra a parede da montanha, segurando com toda a força que ainda lhe restava, seus lábios roxos tremiam e os olhos reviravam involuntariamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sarah? – chamou a animorfa ao notar o jeito estranho da companheira.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O corpo inteiro pinicava e a jovem sentia como se suas energias estivessem sendo sugadas. O ar gelado que invadia seus pulmões tornava cada vez mais incômoda a tentativa de respirar. Não agüentava mais. Aos poucos, suas mãos começaram a soltar a parede e seus olhos se fecharam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não faça isso Sarah! – berrou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Em uma fração de segundos, Maya saltou e agarrou o braço da jovem ao mesmo tempo em que retirava sua adaga, enfiando-a em uma brecha na montanha. As duas agora estavam penduradas e qualquer movimento em falso resultaria em uma morte terrível. Sarah teve uma vertigem ao abrir os olhos e não conseguia se mover, nem se quisesse. A animorfa olhou ao seu redor ignorando o incômodo, que uma gota de suor em seu rosto, trazia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Consegue se segurar? – indagou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Posso tentar – ela respondeu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Muito bem, vou balançá-la até ali e você vai tentar se segurar. Pronta?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Quando quiser.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya apertou a adaga e começou a balançar o corpo de Sarah. Ao soltar, com um rápido movimento, a jovem se agarrou à parede da montanha. A tenção tinha sido tão grande que seu corpo agora estava mais aquecido, pelos breves segundos que correram no momento em que esteve no ar, achou que iria morrer.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não importa o quanto o frio tente te derrubar, não se deixe vencer ou estará morta – disse a animorfa em um tom de voz grave.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O dia demorava mais a passar, os minutos pareciam horas até finalmente chegaram ao topo da montanha. O frio lá era ainda mais insuportável. Grossas camadas de neve formavam um tapete branco que se estendia por toda parte. Nevava muito e o ambiente era úmido por causa da neblina que envolvia o pico da montanha. Maya Entregou sua bolsa à Sarah e se transformou em uma raposa do ártico, a cauda era felpuda e seu pêlo tão branco quanto a neve, deveria ter entre cinqüenta e sessenta centímetros.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Por aqui – disse ela começando a caminhar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Após alguns metros, o animal estava completamente camuflado. A única coisa que Sarah identificou foram os olhos azuis que se voltaram para ela. A jovem seguiu o quadrúpede que se movimentava graciosamente sem nem mesmo afundar naquela neve tão densa. Ela apertou as abas da pele de tigre contra o peito, procurando se aquecer. O vento urrava e sua respiração estava bem mais acelerada do que durante a escalada, era como se tudo o que seu corpo fazia fosse uma tentativa de se manter aquecido. A raposa do ártico ergueu o focinho, movendo-o de um lado para o outro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Vamos descansar aqui.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Minhas três palavras preferidas – disse Sarah. – Não há nada aqui que possa fazer uma fogueira, como vou me aquecer?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não se preocupe.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A animorfa se transformou em um tigre da neve e se aproximou da jovem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sente-se – Sarah obedeceu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya andou em círculos, deitando-se atrás da garota.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu a manterei aquecida. É só deitar sobre mim. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>À medida que o tempo passava o ambiente ficava cada vez mais suportável. O pêlo da animorfa era quente e de certa forma, logo conseguiram dormir. Várias vezes durante a madrugada, o sono de Sarah era interrompido pelo som aterrorizante que vento produzia. Quando despertou pela quarta vez, decidiu se levantar. Seus lábios estavam roxos e tremiam de forma rápida. Ela estendeu a mão e balançou o corpo do tigre das neves.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Agora é a minha vez de acordar você – disse Sarah, sorrindo. – Vamos Maya já descansamos o suficiente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O animal deixou um ronronar, um tanto alto, escapar, e aos poucos voltou para a forma de raposa do ártico. Maya cambaleou um pouco até finalmente estar acordada. Ela farejou o ar e começou a caminhar, com Sarah em seus calcanhares. Após algumas horas a jovem começava a sentir certa impaciência, revirando os olhos enquanto observava as pegadas profundas que deixava na neve.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É ali – disse Maya.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah fez uma pausa, apertando os olhos na tentativa de ver alguma coisa. A neblina se afastava, dando um pequeno espaço, onde uma ponte de madeira podia ser avistada. Ela abriu um sorriso e começou a correr, de certa forma era bastante difícil, suas coxas começavam a latejar, mas a vontade de encontrar cama e comida quentinha era muito maior. Correr na neve era muito mais difícil do que correr na areia da praia, definitivamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Espere Sarah! – berrou a animorfa enquanto tentava alcançar a garota.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Ao chegar à ponte, a jovem ficou mais cautelosa, colocando um pé na frente do outro de forma vagarosa. Era uma daquelas pontes frágeis e bambas que um passo em falso resultaria em morte na certa. A jovem pôde ver que a entrada da cidade se parecia com um forte. Seus muros eram feitos de uma madeira bem resistente e no final delas haviam pontas bastante afiadas, que lembravam estacas. No topo dos portões – feitos do mesmo material do muro – havia duas torres de vigilância onde guardas vestindo um punhado de roupas felpudas, seguravam enormes lanças.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah estava boquiaberta com o tamanho daquela construção, no meio do nada. Não demorou muito para que Maya a alcançasse, ela se aproximou da entrada e um homem coberto da cabeça aos pés atravessou os portões, indo de encontro as duas. Ele caminhava cautelosamente com a ponta da lança virada para elas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Se quiser fazer com que os Curiors gostem de você, seja uma boa aprendiza. – sussurrou Maya.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Alto!Quem vem lá? – indagou o homem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A animorfa voltou a as forma humana com um sorriso estampado no rosto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Pelos deuses! – disse ele abaixando a lança. – O que quer aqui Maya? – indagou rispidamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Também estou feliz em ver você Rhotur – ela respondeu enquanto voltava à forma de raposa do ártico. – Viemos aqui porque Sarah precisa treinar...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não treinamos qualquer um e você sabe disso!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Mas ela não é qualquer uma. É a nova Esbael.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Por causa das roupas, Sarah não pôde identificar a expressão no rosto do homem, mas o silêncio indicava enleio.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Como saberei se está falando a verdade? – disse ele calmamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah afastou a pele de tigre que cobria seu pulso e caminhou em direção a ele. Rhotur olhou para os homens na torre de vigilância e assentiu para que abrissem os portões, ele olhou para as duas e enquanto estendia a mão em direção à cidade disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Bem vindas à Teralar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><o:p></o:p></span></p>devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1887075425575350270.post-60271191630799339842007-12-18T17:50:00.001-08:002008-12-09T14:03:49.791-08:00Capítulo 4 – Kionnuhr, o guardião da profecia<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8mpBIP7GL1OjtqCm_-8Ett_386xzkZyCpElqdqkVpGIZGnTWnc_N71Yoa6I5bMh08Wc8ME-IzxJeAcNW0GMmrTTuJEjHreiwYRTD-ILurRCDO5VOEKYrBf04krNVRgVUrsKGKOwdSF7qk/s1600-h/aaa.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg8mpBIP7GL1OjtqCm_-8Ett_386xzkZyCpElqdqkVpGIZGnTWnc_N71Yoa6I5bMh08Wc8ME-IzxJeAcNW0GMmrTTuJEjHreiwYRTD-ILurRCDO5VOEKYrBf04krNVRgVUrsKGKOwdSF7qk/s400/aaa.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145498425656773490" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal"><span style=""><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b style=""><span style=";font-family:";font-size:11;" ><br /><o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Ao sentir a veemência das palavras da Endirvis, Sarah sentiu um súbito frio na boca do estômago e levantou de forma rápida. Ouviu o farfalhar das folhas ao longe e notou que alguns galhos despencavam das árvores. Perguntou-se que tipo de ser, que caminhasse sobre árvores, causasse tamanho estrago. Sob os gritos de Arian, todos começaram a colocar as canoas de volta no rio. Uma brisa cortante beijou-lhes o rosto no momento <st1:personname productid="em que Arian" st="on">em que Arian</st1:personname> fora lançada na água. A mulher lutou contra a correnteza até que conseguiu se segurar na margem. Ao sair do rio, completamente encharcada, tentou ignorar o frio que praticamente impedia sua locomoção, colocou as mãos em forma de concha nas bochechas e gritou:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você está bem?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Estou – respondeu Sarah – O que foi aquilo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Pela velocidade do ataque, provavelmente Muirakans! – respondeu Arian – Protejam-na! – ordenou ela enquanto mergulhava novamente no rio e nadava até o lado <st1:personname productid="em que Sarah" st="on">em que Sarah</st1:personname> e seus companheiros estavam. – Temos que sair daqui, agora!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Os Endirvis entraram nas pequenas embarcações, logo <st1:personname productid="em seguida. Quando Sarah" st="on"><st1:personname productid="em seguida. Quando" st="on">em seguida. Quando</st1:personname> Sarah</st1:personname> colocou um dos pés dentro da canoa um dos Muirakans saltou sobre ela e com um movimento rápido, Arian desembainhou sua adaga e a enfiou na cabeça da criatura que soltou um gemido estridente que machucaria os tímpanos de qualquer um. Todos cobriram seus ouvidos até a criatura cair morta espalhando seu sangue negro pelo chão. Arian ajudou Sarah a se levantar e ambas tentaram entrar nas canoas, mas viram-se cercadas por quatro das criaturas, que haviam surgido de repente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Saiam daqui! – berrou Arian para os companheiros.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Mas e vocês? – perguntou um deles.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Daremos um jeito!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Com uma expressão de culpa em seus rostos, eles apertaram os remos de modo que as pontas dos dedos ficaram brancas e começaram a remar até que desapareceram de vista. Sarah reuniu toda a coragem que tinha guardada dentro de si e desembainhou sua adaga, colocando em seguida sua mochila para frente, de modo que o livro ficasse seguro. As terríveis criaturas chifrudas exalavam um odor podre, que a deixava atordoada, ao se aproximarem lentamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Fique atrás de mim! – ordenou Arian protegendo a Esbael.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Com a distância que os Muirakans estavam delas, não haveria mais como escapar. “É o fim!” – pensou Sarah. Uma das criaturas ergueu sua garra, preparando-se para o ataque, quando foi interrompida por um rugido estrondoso. Os monstros se viraram rapidamente, de modo a ficarem de costas para Arian e Sarah, balançando as cabeças à procura da origem do som. Um par de olhos reluzentes surgiu sobre a copa de uma das árvores e uma pantera negra saltou sobre uma das criaturas, sua boca repleta de dentes abocanhou a cabeça do inimigo e com um puxão brutal arrancou uma parte do couro, matando-o.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O animal ficou frente a frente com os Muirakans, enquanto apertava seus grandes olhos amarelos, observava cada passo atentamente, ao mesmo tempo em que protegia Arian e Sarah. Os monstros tentaram atacar, mas a pantera bloqueava cada golpe com uma forte patada enquanto mostrava seus dentes compridos e afiados. O animal caminhou lentamente para trás de modo que as duas recuassem em direção ao rio, até que caíram. Neste momento as três criaturas restantes tentaram agarrá-las, mas com uma velocidade surpreendente, a pantera matou um deles com diversos golpes consecutivos no peito e imobilizou os outros dois. Sarah e Arian só conseguiram ver o animal lutar contra os monstros enquanto eram levadas pela correnteza.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Apesar de estar tomada pelo cansaço, Arian nadou com o pouco de força que ainda lhe restava, segurando Sarah com uma das mãos para indicar o caminho. Com o auxílio da correnteza, não demorou muito para que encontrassem as canoas. Os Endirvis as ajudaram a embarcar e ambas respiraram aliviadas por terem escapado da morte. Sarah espremeu o cabelo e passou a mochila – que antes estava na parte da frente de seu corpo – para as costas. Ela pegou um remo e ajudou os companheiros a mover a embarcação.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Aquela – fez uma pausa – É Maya não é?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É – respondeu a Endirvis desviando sua atenção para o topo da corredeira, onde antes estavam. - Espero que ela esteja bem – disse em um tom de voz triste.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Domados pelo cansaço, que as poucas horas de sono haviam produzido, todos remavam com determinação para que pudessem chegar à caverna o mais depressa possível e sem dormir, para que não fossem novamente surpreendidos. Arian sentia uma onda de sensações ruins no peito. A angústia, de esperar Maya dar um sinal de vida, se misturava ao peso terrível que sentia em suas pálpebras, que se fechavam involuntariamente. As horas que se seguiam pareciam ser eternas. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah notou que as margens do rio, aos poucos, tornavam-se grandes penhascos – como Arian havia lhe dito que aconteceria. Quando finalmente chegaram ao lago, os raios do sol cobriram suas águas com um mesclado de amarelo, laranja e vermelho. Apenas uma mancha negra se destacava no pé da montanha e Sarah viu, era lá, a caverna Duisternes. Finalmente haviam chegado. A jovem abriu um largo sorriso ao se lembrar que Kionnuhr a diria como voltar para casa, mal podia esperar. Não agüentava mais ficar naquele mundo onde corria risco de vida todo instante.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Depois de algum tempo, finalmente haviam atracado na entrada da caverna. Sarah deu um longo suspiro, aliviada. Olhou o percurso que haviam feito. A corredeira ficava no meio da grande fenda – que estava à esquerda da jovem. O lago era belíssimo quando iluminado pelos raios do sol e o silêncio do ambiente era quebrado, apenas pelo choque de gotas d’água com o chão que ecoavam pela caverna. Concluiu que só um louco moraria em um lugar úmido e escuro como aquele.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sugiro que descansemos aqui enquanto Maya não chega – disse Arian.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Mas e se aquelas criaturas voltarem? – indagou Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não vão voltar – afirmou a Endirvis – Elas só aparecem durante a noite.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Entendi, tudo bem então.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Aos poucos, todos começaram a se acomodar no chão, alguns deitados, outros, sentados. As roupas de Sarah ainda estavam um pouco úmidas e ela abraçou o peito enquanto esfregava os braços, na tentativa de reduzir o frio que sentia. A jovem observou que Arian estava sentada com os pés dentro da água, sem nem mesmo se mexer. De certa forma parecia aflita. Sarah engatinhou até a mulher e perguntou:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que foi?Está preocupada?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Conheço Maya desde que éramos crianças, ela é como uma irmã para mim – desviou o olhar do lago para Sarah. – Se não sentisse nada agora, seria fria e insensível.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não se preocupe, ela vai ficar bem. Não a conheço tanto quanto você mas pelo modo com que ela matou aqueles monstros, com certeza está à salvo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tomara – seu olhar se voltou novamente para o vazio. – Antes de Oberon governar Endirvis, bruxos e humanos viviam juntos, mas quando ele destruiu nosso antigo lar, cada um de nós passou a viver por conta própria. Maya passou um tempo sem me ver, mas quando cresceu mais um pouco, vivia andando por essas terras e sempre passava para ver como eu estava. Foi aí que vi que a distância não separa amigos, não aqueles que realmente se amam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Por que não descansa um pouco? Eu fico aqui para recebê-la.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não, tudo bem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tem certeza?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sim, tenho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Então fico aqui com você.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah enfiou os pés dentro da água mordendo os lábios ao sentir o contato do líquido frio com suas pernas que já haviam aquecido.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não precisa pode ir descansar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu quero – disse ela abrindo um sorriso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A jovem apoiou as mãos no chão e deslizou o olhar pelo céu azul-celeste, observando as formas das diversas nuvens que o decorava.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Olha só aquela nuvem! Parece um coelho – disse Sarah, sorrindo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Arian apertou os olhos como se tentasse enxergar algo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Um pássaro!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Para mim parece um coelho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não – ficou de pé e com o dedo indicador apontou: – Um pássaro!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Um pequeno animal voava em direção à elas com uma das asas, enquanto tentava manter a outra ativa. Arian estendeu as mãos para que pudesse amortecer a queda. O pássaro não parava de piar e seu coraçãozinho batia rápido contra o peito. A Endirvis se ajoelhou e colocou cuidadosamente o frágil animal no chão. Devagar, a forma do pássaro começou a mudar e Maya surgiu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A animorfa estava ofegante e segurava um dos braços, completamente ensangüentado. Gotas de suor escorriam por seu rosto. Sarah pôde ver que as bochechas de Maya se movimentavam de modo frenético, como se a dor fosse sufocante. A animorfa engoliu em seco e movimentou a mão ensangüentada, cujas gotas de sangue manchavam o chão, até um pequeno saco de couro que estava amarrado em sua cintura e o entregou à Arian.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A Endirvis retirou algumas ervas do saquinho, colocando-as no chão e com o punho de sua adaga, amassou-as. Depois, pegou um pouco da pasta verde formada e passou sobre o ferimento de Maya. Quando terminou, mergulhou as mãos nas águas do lago e olhou <st1:personname productid="em volta. Havia" st="on">em volta. Havia</st1:personname> uma planta que crescia próxima à entrada da caverna. Arian arrancou a maior folha que encontrou e a envolveu no braço da amiga.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya contou que os Muirakans estavam em diversos lugares próximos à floresta e procuravam Sarah por ordem do rei, por isso havia demorado a encontrá-las, tentava ao máximo atrasar a chegada das criaturas, mas elas estavam em maior número e as que restaram vieram ao encontro do grupo. A animorfa também descreveu em detalhes a luta com os Muirakans, contou que no momento em que ela saltara para segurar os dois últimos, um deles tentou enfiar a lâmina que tinha embutida no pulso bem no braço dela, mas ela conseguiu desviar fazendo apenas um corte não tão profundo e que neste momento, em sua agonia, ela os destruiu brutalmente. Acrescentou que havia demorado a chegar porque seu braço doía demais e ela teve de tomar coragem para usá-lo durante o vôo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O silêncio tomou conta do lugar. Durante as horas que se seguiram as três procuraram descansar ao máximo, afinal, a noite havia sido longa. Maya adormeceu encostada à parede na entrada da caverna e seu braço ferido repousava sobre a perna. Sarah permaneceu acordada, estava ansiosa demais para falar com Kionnuhr e descobrir uma maneira voltar para casa. Agitava os pés, que permaneciam sob a água, constantemente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Com o passar do tempo, Sarah notou que o ambiente começava a ficar mais frio e deduziu que demoraria algumas horas para que o pôr-do-sol chegasse. Decidiu que o melhor a se fazer era acordar o grupo antes que anoitecesse e aquelas criaturas monstruosas voltassem a atacá-los. Sarah pôs-se de pé e, lentamente, começou a cutucar cada uma das pessoas. Arian bocejou enquanto esticava os braços, depois caminhou até a margem do lago, enfiou as mãos na água e jogou sobre o rosto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Balançou as mãos, para que secassem com mais facilidade, e gesticulou para que todos a seguissem. Sarah observou a entrada. De certo modo aquela caverna escura a deixava um pouco assustada. A jovem respirou fundo e entrou a passos apressados, seguindo o grupo. Um cheiro estranho que lembrava mofo circulava pelo ambiente úmido e uma brisa quente beijava-lhe o rosto. No fundo da caverna havia algumas tochas presas à parede que iluminavam um portão enorme, que aparentava ter uns dez ou doze metros de altura.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah se perguntou o porquê de uma entrada tão grande dentro de uma caverna. Ela notou que Arian caminhava até o portão e quando chegou há certa distância se ajoelhou. Ao ver que todo o grupo a acompanhava, a jovem fez o mesmo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Oh Kionnuhr o sábio, uma nova Esbael surgiu e ela necessita de tua sabedoria – Arian fez uma pausa – Por favor, precisamos de sua ajuda.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Um rangido ecoou pelo lugar e o enorme portão começou a se abrir de forma vagarosa. Sarah sentiu um tremor no chão e alguma coisa começou a sair do portal. “O que mais pode ser pior do que tudo o que já vi por aqui?” – pensou Sarah engolindo seco. Uma coisa redonda com três garras pousou no solo. A imagem era nítida agora, um enorme dragão dourado surgiu e caminhou calma e graciosamente pela caverna. O magnífico animal olhou para Sarah de soslaio. A jovem pôde ver o peito do quadrúpede, subir e descer, como se ele houvesse respirado fundo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>“Que diabos é isso?!Algum tipo de cão de guarda?” – pensou Sarah. O animal deitou em frente à Arian causando um tremor ainda maior do que os produzidos por suas passadas e a observou com um olhar penetrante. O rosto do dragão era bastante largo em seu maxilar o que deixava suas feições bem rígidas e masculinas. Tinha alguns espinhos ao redor do queixo e dois grandes chifres sobre a cabeça com pontas recurvadas. A luminosidade trazida pelas tochas fazia com que as escamas do seu corpo brilhassem tanto quanto ouro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Em que posso ajudá-los, pequeninos? – disse o dragão docemente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ele fala! – berrou Sarah pondo-se de pé.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O dragão olhou para ela e riu de modo abafado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Mas é claro que falo querida – disse Kionnuhr carinhosamente. – É você a nova Esbael?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É ela sim, Kionnuhr – disse Maya.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Aproxime-se criança.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah ficou paralisada. Ela estava bem distante do animal e ele já era enorme, imagina só se chegasse mais perto! A idéia não a agradava nem um pouco. A jovem recuou, mas Maya, que estava logo atrás, colocou a mão em suas costas e deu um leve empurrão. Sarah caminhou devagar em direção ao dracônio e este a observou por alguns segundos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Poderiam nos deixar a sós? Creio que esta garota tem muitas dúvidas em seu coração para serem preenchidas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O grupo fez uma reverência e se retirou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sente-se minha jovem – Sarah obedeceu – Então, o que quer saber?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Bom, eu não sou deste mundo, sou de ou...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>-... Eu sei disso – interrompeu o dragão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sabe?! – espantou-se Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sou o guardião da profecia minha jovem e você faz parte dela... – fez uma pausa. – Um pouco antes de Elenwë, a guardiã que veio antes de você, morrer. Uma profecia surgiu nos pergaminhos sagrados e ela dizia que uma nova guardiã viria de outro mundo e nomearia um novo protetor, para salvar todos que habitam este mundo. – explicou o dragão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Uau – disse Sarah com um olhar distante. –, a única coisa que eu quero saber é como faço para voltar para casa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Kionnuhr correu seus olhos azuis pela caverna até pousá-los novamente sobre Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sinto muito – fez uma pausa – Não poderá voltar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah sentiu como se houvesse sido empurrada em um poço sem fundo, não era possível que uma coisa dessas estivesse acontecendo com ela. De repente sua saliva começou a faltar e seu coração palpitava de forma rápida contra o peito. Logo agora que havia finalmente se acertado com Regina e que, tinha certeza, seriam amigas de novo uma tragédia dessas aconteceu. Não, não era possível, devia ter alguma maneira de ela voltar para casa, mal podia acreditar que estivesse condenada a permanecer naquele mundo pelo resto de sua vida, enquanto a seus pais deveriam estar angustiados a sua procura. Ela respirou fundo, procurando conter suas emoções para que não chorasse naquele exato momento.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Como assim não posso voltar?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você agora é uma Esbael, e sendo uma você faz parte deste mundo. Nada que pertença a Amagar pode deixar sua terra. A não ser que usufrua de um feitiço proibido ou muito poderoso. O que está além da sua capacidade.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Mas eu não quero ser uma Esbael! – disse Sarah ficando de pé rapidamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você tem alguma marca? Algo que tenha surgido quando você chegou aqui? – indagou Kionnuhr calmamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah se aproximou e mostrou seu pulso marcado. O dragão fechou os olhos enquanto respirava de forma vagarosa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Se você tem este desenho estampado em seu corpo é porque o livro a escolheu para ser a nova guardiã, então ninguém, nem mesmo você tem o direito de tomar esta decisão... – fez uma pausa – A melhor coisa que tem a fazer é se conformar com o fato, por mais difícil que possa ser.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A jovem sentou calmamente no chão e abraçou seus joelhos enquanto chorava de tristeza. Não podia acreditar que tudo aquilo estivesse acontecendo. Cada dia que ela passava naquele mundo poderia ser o último. Com aqueles monstros a caçando não haveria um só minuto que estivesse <st1:personname productid="em paz. Ser" st="on">em paz. Ser</st1:personname> obrigada a fazer algo que ela não queria era terrível. Viu-se em um beco sem saída. Não tinha como voltar para seu mundo e teria que ficar naquele lugar estranho, mas ali ela correria risco de vida. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sinto que deveria lhe mostrar algo – disse Kionnuhr docemente. – Venha comigo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah ergueu a cabeça e enxugou as lágrimas que escorriam pelas maçãs de seu rosto. Ficou de pé e passou pelo portão logo atrás do dragão. Dentro do abrigo havia um enorme buraco no teto, que iluminava completamente o ambiente. O animal caminhou até a lateral de seu abrigo e pegou um grande pedaço de couro com a boca, depois caminhou novamente em direção a Sarah, largou-o no chão e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Consegue amarrar isto nas minhas costas?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A jovem assentiu e Kionnuhr deitou vagarosamente. Com muito esforço, Sarah ergueu o couro pesado e o colocou nas costas do animal, um pouco próximo ao pescoço por causa das asas. Havia uma faixa com pequenos furos que lembrava um cinto. Procurou por outra faixa que tivesse uma fivela e prendeu na que tinha os buraquinhos. Um estribo pendia no objeto de couro e havia dois pitos na parte de cima, em um formato quadrado. Era uma sela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Muito bom. Agora, suba.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Ela arregalou os olhos, por uma instante ficara assustada com idéia de voar por aí montada em um dragão, mas logo se animou. Afinal, quem teria a chance de voar em um ser tão magnífico, ícone das histórias de fantasia que costumava ler. A garota sorriu e colocou o pé esquerdo no estribo, passando a perna direita para o outro lado. Quando finalmente se acomodou na sela, segurou firme nos pitos e respirou fundo, ansiosa. Sarah pôde ver os dentes afiados do dragão, surgirem no formato de um leve sorriso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Segure-se!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Kionnuhr abriu suas enormes asas de morcego e começou a movimentá-las, para cima e para baixo, produzindo um vento bastante forte. O dragão começou a correr e, aos poucos, ambos começaram a voar. Ao atravessarem o buraco no teto da caverna, Sarah notou que o lago era ainda mais belo dali de cima. O animal estendeu as patas dianteiras como se corresse no ar, depois fez várias manobras que fizeram o estômago da jovem dar muitas voltas e ela começou a se sentir enjoada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O dragão subiu o máximo que Sarah agüentou e encolheu suas asas. Os dois começaram a cair a uma velocidade surpreendente. A jovem começou a se arrepiar enquanto sentia um súbito frio na barriga, usou todo o seu fôlego para gritar o mais alto que podia como se isso amenizasse o medo que sentia naquele momento de aventura. Estavam cada vez mais próximos do lago e ela sentiu como se fossem mergulhar. Prendeu a respiração e fechou os olhos até que sentiu uma parada brusca. Kionnuhr havia aberto suas asas no último instante e agora planavam sobre a linda paisagem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah se inclinou um pouco para o lado tentando tocar na água. Estava fria, mas a sensação de ter o líquido fazendo cócegas na palma de sua mão era muito boa. Com um grunhido, Kionnuhr bateu novamente as asas lançado parte da água para os lados. Estavam novamente nas alturas. A jovem notou ao longe pequenos pontos que se movimentavam devagar. À medida que se aproximavam, Sarah notou que era um grupo grande de pessoas que seguravam picaretas, quebrando diversas pedras. Perguntava-se o porquê de estarem fazendo aquilo, destruir as rochas não abriria caminho para lugar nenhum, a não ser que quisessem fazer uso pessoal delas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Foi aí que viu: um guerreiro robusto vestia uma armadura prateada e, com um chicote em uma das mãos, batia nas pessoas violentamente, deixando marcas avermelhadas e profundas em suas costas. Sarah sentiu uma forte pontada no coração como se cada golpe estivesse sendo aplicado diretamente nela, nunca tinha visto tamanha crueldade antes. “Escravidão é desumano!” – pensou, com os olhos arregalados. Tentou ver mais adiante. Avistou uma criança pequena, que aparentava ter uns cinco anos de idade, carregar pedras até um suporte de madeira. Sentou-se por um instante pra que pudesse descansar, mas um estalo ecoou pela floresta e a criança foi lançada contra o chão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Um dos guerreiros a chicoteava constantemente. Sarah apertou os olhos e virou o rosto para uma direção alternativa. Abriu-os. Lágrimas deslizaram por seu rosto. Não tinha forças para observar aquela crueldade por mais tempo, nunca pensou que veria um ato tão desprezível. Era só uma criança, não fizera nada para merecer tanta dor, pobrezinho, tão pequeno, mas condenado por ser um escravo. Não podia ficar parada, não podia ignorá-los, tinha de ajudar aquelas pessoas. Fazia força para acalmar o coração agitado e ouviu algo em sua mente dizer: <i style="">agora, você entende nossa dor.<o:p></o:p></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Kionnuhr curvou o corpo em direção a caverna. Um baque foi provocado ao pousarem no abrigo do dragão. Um breve silêncio tomou conta do lugar e ambos só escutavam o tilintar das gotas de água que tocavam o chão. Ao refletir, Sarah quebrou o silêncio:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Diga-me tudo o que preciso saber. Vou fazer o que estiver ao meu alcance para ajudar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Esta é a atitude que eu esperava de você – disse o dragão com um sorriso que deixou à mostra seus grandes dentes, tão afiados quanto adagas – O que quer saber?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que são Esbaels? – disse seriamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Muito bem – fez uma pausa escolhendo cuidadosamente as palavras – As Esbaels existem há muitos séculos, elas foram criadas logo após o livro de pórion, para que pudessem protegê-lo. Inicialmente uma Esbael era escolhida a dedo pelo conselho dos feiticeiros anciãos e esta, iniciava seu treinamento para tornar-se mais forte e capaz para proteger o livro, mas há dois séculos o livro escolheu, pela primeira vez, sua guardiã. A Esbael escolhida era a mais poderosa de todas, pois podia manipular certos feitiços de formas desconhecidas, por puro instinto, e era imortal, a única forma conhecida para matá-la era decapitando-a – pelo menos até onde sabemos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>“Imortais?!” – pensou Sarah – “Não sei se gosto dessa idéia”<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Depois que esta Esbael foi assassinada, o livro jamais escolheu uma guardiã novamente, portanto, as Esbaels voltaram a ser escolhidas pelo conselho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- E por que o livro escolheu alguém para ser seu protetor?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Acredita-se que ele só escolha alguém quando os ambiciosos que o anseiam sejam uma verdadeira ameaça para este mundo...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Como o rei Oberon? – interrompeu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Exato – fez uma pausa – Agora que o objeto a escolheu, o rei Oberon deve ser uma ameaça muito maior do que esperávamos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- A citação que encontrei no livro quando fui trazida para cá, dizia que o Esbael escolheria “O protetor” e o guiaria. Como saberei escolher o protetor?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Quando chegar a hora certa você saberá.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Quando estive na floresta Flóriur, o líder dos Endirvis disse que o livro era um mapa para os quatro artefatos de pórion. O que são eles e para que servem?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Três dos artefatos são elementais. Um do fogo, um da água e um da terra o quarto é desconhecido. Os elementais serão reunidos em um templo antigo e o quarto artefato, junto aos outros, é a chave para abrir o portal do poder supremo. Se por acaso alguma coisa sair errada e o quarto artefato for confundido, um portal de trevas se abrirá e este, sugará aquele que tentou adquirir o poder supremo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O rei Oberon é imortal da mesma forma que eu?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não – disse adoçando seu tom de voz – Sua imortalidade veio dos Endirvis e estes eram vulneráveis a ataques da carne.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Já fiz todas as minhas perguntas, tem algo mais que eu precise saber?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você precisa iniciar seu treinamento rogesh, e precisa de alguém para guiá-la pelas cidades, alguém que conheça Amagar como ninguém.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O dragão olhou para a entrada da caverna: <i style="">Maya venha até nós.</i> A animorfa apareceu, e fazendo uma reverência disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Do que precisa?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Peraí, como você sabia que ela entraria aqui? – indagou Sarah ao dragão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu me comunico com quem eu quiser através de minha mente – sorriu – Assim como fiz com você quando sobrevoávamos a região – desviou seu olhar de Sarah para Maya – Eu gostaria que você ficasse responsável por...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sarah – interrompeu –, me chamo Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>-... Sarah – prosseguiu o dragão – Gostaria que você ficasse responsável por Sarah para guiá-la através das cidades para que ela inicie seu treinamento, faria isso?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Darei minha vida para protegê-la – respondeu Maya.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Muito bem, que as estrelas guiem vocês em sua jornada – fez uma pausa – Rogarei por sua segurança Sarah-rogesh. Se por acaso precisar de ajuda, clame por mim em seus pensamentos e irei a seu auxílio, não importa onde esteja.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Obrigada, Kionnuhr – fez uma reverência e se retirou com Maya – Ah! – disse retornando – Antes de ser transportada para este mundo, sonhei com a antiga Esbael...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>-... Elenwë? - interrompeu o dragão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Isso! – confirmou a jovem – Ela estava sendo ataca por criaturas chifrudas com lâminas nos pulsos como as que eu vi na floresta antes de chegar aqui – fez uma pausa – Eu... Eu a vi morrer em meu sonho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O dragão não dizia nada, apenas a observava com seus olhos tão azulados quanto uma pedra safira.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Quando cheguei aqui descobri que ela era real e que realmente tinha morrido, foi como uma visão. O que me deixou confusa, foi que há alguns dias atrás eu sonhei com ela de novo, mas desta vez estava em uma cela escura e suja com os pulsos amarrados em grilhões – sua voz começou a ficar mais séria – Esta poderia ser uma visão também?Ela poderia estar viva?<o:p></o:p></span></p>devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1887075425575350270.post-56584533341391333272007-12-18T17:49:00.001-08:002008-12-09T14:03:50.008-08:00Capítulo 3 – Povo amaldiçoado<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH-kaY2QeovQGJU_I_GhzNrSaPuz3c80lmJ7XSKtPNgbI0ms4Gtu5lLpYyzCr4AfavfLmoIi8cgDEYmhdU8DSvHwvlx7Yj1L97Z3XCL4P6CE7D2IHri4iFX3kW-1MYlqBwOPHfKHblLFSE/s1600-h/Arian.JPG"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH-kaY2QeovQGJU_I_GhzNrSaPuz3c80lmJ7XSKtPNgbI0ms4Gtu5lLpYyzCr4AfavfLmoIi8cgDEYmhdU8DSvHwvlx7Yj1L97Z3XCL4P6CE7D2IHri4iFX3kW-1MYlqBwOPHfKHblLFSE/s400/Arian.JPG" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5145497772821744482" border="0" /></a><br /><p class="MsoNormal"><b style=""><span style=""><o:p> </o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b style=""><span style=";font-family:";font-size:11;" >Capítulo 3 – Povo amaldiçoado<o:p></o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal"><b style=""><span style=";font-family:";font-size:11;" ><o:p> </o:p></span></b></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O homem a observava como se esperasse a primeira dúvida. Sarah franziu a testa e apertou os olhos, em busca da primeira pergunta que faria em meio a tantas que havia acumulado. Olhou no fundo dos olhos dele, suspirou e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Primeiro de tudo, quem são vocês?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Somos Endirvis, povo da floresta para muitos e rebeldes para o rei de Koelsig, Oberon. Somos uma raça amaldiçoada pela ausência de nossa imortalidade.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Vocês eram imortais?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Contar-lhe-ei tudo o que estiver ao meu alcance desde o princípio – fez uma pausa – Há sete anos, um homem iniciou seu treinamento em Delaetar para tornar-se um bruxo, eu era jovem na época em que os bruxos e os Endirvis viviam lado a lado, mas me lembro como se fosse ontem. Ele era um aluno exemplar, um dos melhores, mas isto começou a consumi-lo e com o passar do tempo ele se tornou tão ambicioso que ansiava por mais poder. O homem lutou contra Pratórius líder dos bruxos na época, mas acabou derrotado e exilado de sua terra. Os bruxos fugiram logo depois que Oberon tomou o trono do rei de Koelsig e ficou ainda mais poderoso. Alguns dizem que ele amaldiçoou o rei, outros dizem que este foi assassinado pelo feiticeiro ambicioso. Ele deixou que seus guerreiros saqueassem vilarejos e matassem pessoas mais humildes para conquistar a obediência através do medo...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Este homem era Oberon? – interrompeu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sim – respondeu o rei – Oberon veio até nós em nossa antiga cidade e ameaçou matar as mulheres e crianças que lá viviam se não renunciássemos a nossa imortalidade e déssemos a ele. Concordamos, mas ele quebrou sua palavra e destruiu as construções e grande parte de nossos entes queridos, levando consigo a nossa imortalidade. Migramos para esta floresta e, usando nossas habilidades de manipular elementos da natureza, criamos Bórtis, o guardião de fogo da floresta, e estas casas na árvore também. Quando meu pai morreu, eu assumi a posição de rei dos Endirvis e desde então, tenho protegido meu povo. Se houver algum perigo, Bórtis nos avisará por telepatia e tomaremos as medidas necessárias.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Entendi, Bórtis é aquela serpente gigante que encontrei na floresta?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sim.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Por que ele não me atacou se ele é o guardião da floresta? – indagou Sarah curiosamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ele tem o poder de ler o pensamento das pessoas e sentir a bondade em seus corações. Se visse que você era uma ameaça a queimaria por combustão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>“Ah! Acho que foi por isso que naquela hora, na floresta, senti como se toda a minha infância estivesse exposta. Aquela criatura leu meus pensamentos.” – pensou Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tem mais alguma coisa que queira saber?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Bem, o que é um Esbael?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- A palavra Esbael quer dizer guardiã, em uma língua muito antiga. Não posso lhe dizer muito sobre as Esbaels, só que elas são os seres mais poderosos deste mundo, pois retém os conhecimentos de várias raças como: elfos e bruxos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que uma Esbael faz afinal?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ela protege o livro de pórion para que este não caia nas mãos erradas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Pode-me falar sobre os artefatos de pórion?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Receio que eu não seja a pessoa mais adequada para esta questão, infelizmente isto que eu lhe falei é tudo o que sei, mas há alguém que pode responder a todas as suas perguntas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Quem?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Kionnuhr, o guardião da profecia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Onde posso encontrá-lo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ordenarei que alguns de meus homens a escoltem até a caverna Duisternes, lá você encontrará Kionnuhr e assim tirar suas dúvidas, mas por hora, deve descansar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu só quero voltar para casa, eu não pertenço a este lugar!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você não é de Amagar?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não! Eu sou do planeta terra!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que é um planeta?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah colocou a mão sobre os olhos e deslizou-a até a boca.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Deixe para lá, o senhor disse que Kionnuhr tem as respostas para minhas perguntas, certo? – ele balançou afirmativamente a cabeça – Então ele deve saber algum jeito de eu voltar para casa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Qual é o seu nome?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Seja paciente Sarah-rogesh, hoje você deve descansar. Ordenarei que lhe tragam roupas novas e que a levem para uma boa casa, amanhã alguns de meus homens a escoltarão até Duisternes e lá você acabará com essa aflição, mas lembre-se, proteja o livro de qualquer maneira – ele tocou em seu ombro e a conduziu de volta para a sala do trono – Você teve sorte de nós a encontrarmos antes do rei – disse ele enquanto sentava-se novamente sobre a cadeira no centro da sala principal – Arian! – berrou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A mulher que a havia trazido até o rei apareceu e fez uma reverência. Aguardando por uma ordem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ek rogesh – disse ele.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A mulher sorriu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Leve-a até uma casa para que possa dormir confortavelmente, dê-lhe roupas novas e seus pertences antigos que você e seus homens pegaram. Em seguida, reúna alguns deles para escoltarem esta moça até a caverna de Duisternes pela manhã, ela terá uma audiência com Kionnuhr.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Como quiser meu senhor – fez uma reverência e se retirou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah fez uma reverência e seguiu a mulher. Novamente, ambas usaram a escada de corda e madeira, desta vez para descer da casa. Ao chegarem ao chão, Sarah e ela caminharam pela cidade até chegarem a uma das árvores cuja escada pendia. Arian subiu, seguida de Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É aqui que você vai ficar, mas lembre-se de sempre puxar as escadas enquanto estiver aqui, assim não correrá riscos, você só pode abaixá-la se escutar batidas no tronco da árvore e ver que conhece essa pessoa – Arian observou Sarah com seus olhos vermelho-rubi e abriu um largo sorriso, mostrando seus dentes perfeitos e brancos – Rogesh! – e abraçou-a – Nunca pensei que viveria para conhecer uma!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Meu nome não é rogesh, é Sarah! – disse ela enquanto afastava a mulher.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu não disse que era. Rogesh quer dizer Esbael em Ídier e você é uma. Este é um cargo de grande responsabilidade!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que é Ídier?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É uma língua antiga usada por nossos antepassados e por grande parte dos seres mágicos de Amagar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Amagar?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É como é chamado tudo o quanto vemos. O conjunto de cidades, colinas, montanhas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você quer dizer, um mundo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É – confirmou ela com um olhar distante, como se imaginasse o que seria um mundo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Agora eu entendi.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ali você pode tomar banho, é só puxar a corda e prendê-la que a água sai, nós enfeitiçamos a madeira para que pudéssemos tomar banho com mais facilidade, assim não precisaríamos correr para a cachoeira do riacho todas às vezes. Depois que você terminar, desamarre a corda para que a água pare de cair – encaminhou-se para a saída da casa – Espere por mim, vou buscar suas novas roupas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não vou ter que usar essas coisas com a barriga de fora vou?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Arian riu e desceu as escadas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah caminhou pelo quarto. No cômodo em que ela estava havia uma mesa com duas cadeiras e uma porta que estava aberta, foi para lá que Arian apontou quando disse que ela poderia tomar banho. Sarah entrou no outro cômodo pela porta e viu uma cama de solteiro com um colchão e um travesseiro do lado direito, ela sentou na cama. Não era tão confortável quanto a sua, mas dava para o gasto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Levantou-se e foi até a esquerda da cama, onde um pequeno cano feito de madeira um pouco mais alto do que ela, estava embutido na parede e preso a ele estava uma cordinha, Sarah deduziu que seria onde ela poderia tomar banho. Puxou a cordinha e a amarrou em uma estaca de madeira que ficava no chão. A água saiu em forma de bica através do redondo buraco do cano. De certa forma lembrava-lhe um chuveiro. Ela sorriu, desamarrou a cordinha e dirigiu-se para a cadeira do outro cômodo onde esperou por Arian.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Algum tempo depois a mulher apareceu trazendo algumas roupas apoiadas entre o queixo e o busto. Arian caminhou até Sarah e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Vista isto Sarah-rogesh! – e atirou as roupas sobre a mesa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Depois, encontre-me lá <st1:personname productid="em baixo. Tem" st="on">em baixo. Tem</st1:personname> algumas coisas que quero lhe mostrar em nossa cidade, além de lhe devolver sua “guarda coisas” estranha – Arian sorriu e se retirou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah pegou as roupas sobre a mesa e analisou-as, desejando que não fossem pequenas como as de Arian. Entrou em seu quarto e se vestiu. Como ela temia, o shorte era curto o suficiente para mostrar suas coxas grossas e a blusa pequena demais, deixando sua barriga à mostra. Sentia-se mal, exposta, mesmo que não fosse gorda. Sentou-se na cama e retirou suas sandálias, calçando as botas que lhe haviam sido dadas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Quando terminou, Sarah desceu as escadas e viu que Arian a aguardava. A mulher sorriu e entregou-lhe a mochila. Sarah abriu-a verificando se o livro estava lá dentro, em seguida, fechou e a colocou nas costas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Importa-se se eu ficar com esta coisa? – indagou Arian mostrando a barrinha de chocolate.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você sabe o que é isso? – perguntou Sarah para Arian que balançou a cabeça em sinal negativo – É chocolate – a mulher lançou-lhe um olhar de dúvida – É comida – explicou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A mulher sorriu e mordeu a embalagem, fazendo uma careta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É ruim!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não é assim que se faz! Dê-me aqui.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah pegou a barra de chocolate e rasgou a embalagem, entregando para Arian, a mulher lançou um olhar de dúvida, temendo que o conteúdo fosse tão ruim como o que o guardava. Olhou para o chocolate, fechou os olhos e deu uma mordida. Mastigando de forma rápida, engoliu e mordeu de novo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span><span style=""> </span>- Hum – disse Arian enquanto revirava os olhos ao saboreá-lo – Isto é muito bom!Tem mais destes?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tinha na minha mochila, mas sumiram. Acho que seus companheiros pegaram tudo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não tem problema, pelo menos pude provar. Agora, venha comigo – disse ela mordendo o chocolate outra vez.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>As duas foram caminhando por entre as árvores e chegaram ao riacho onde haviam se encontrado, atravessaram-no e entraram no outro lado da floresta. Arian explicou que neste lado havia diversos tipos seres mágicos, cada um com seus costumes e todos a receberiam com muito carinho se dissesse que era a Esbael.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Quando Arian terminou de comer seu chocolate, as duas foram até uma montanha de pedras que tiveram que escalar. Ao chegarem ao topo, viram da cachoeira do riacho, a enorme extensão da floresta em que estavam e mais ao longe um vale com vegetação rasteira, era uma visão magnífica e Sarah sentiu-se feliz ao conhecer um lugar mágico como aquele. Coisa que em seu mundo jamais poderia ter visto. A jovem abaixou a cabeça com um olhar de tristeza.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Arian esperou um tempo pra que as duas pudessem descer novamente. Alguns minutos depois, quando as duas já estavam lá embaixo, Arian levou Sarah para ver os unicórnios que habitavam a floresta. Explicou para ela a pureza do sangue do animal, e que ao bebê-lo sua vida é prolongada, mas que são seres muito magníficos para que sejam assassinados apenas para satisfazer os caprichos de alguém.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Em seguida, conduziu-a para um canto da floresta onde ficaram sentadas durante uns trinta minutos, esperando por algo que Sarah não fazia idéia do que era. Quando uma brisa forte beijou seu rosto trazendo consigo um cansaço imensurável que tomou conta da jovem, ela ouviu um ronronar alto demais para ser de um simples gato doméstico. Quando um tigre enorme saltou da árvore de onde ela estava encostada. O animal se aproximou calmamente, deixando a mostra seus dentes, grandes e afiados enquanto sua cauda listrada ricocheteava.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah procurou se acalmar e puxou discretamente o braço de Arian, para que as duas pudessem recuar. O animal se aproximava cada vez mais, mas a mulher parecia calma. Arian sorriu e pôs-se de pé, caminhando até o quadrúpede. Sarah estava com medo, mas se sua guia caminhava até o bicho era porque sabia o que estava fazendo. Arian acariciou a enorme cabeça do tigre que ronronou satisfeito.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tudo bem Maya, ela é uma amiga – disse Arian para o animal.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>O tigre fugiu dos carinhos da mulher e caminhou até Sarah cheirando seu rosto. Ela não se conseguiria se mover, nem se quisesse. O tigre recuou e como se estivesse sorrindo e começou a mudar de forma. Aos poucos ele foi se transformando em uma bela mulher de cabelos ruivos, lindos olhos azuis celeste, pele branca como a neve e vestindo roupas pequenas como as de Arian, mas um detalhe a destacava, ela usava uma pele de tigre nas costas como se fosse uma capa. A mulher parecia ter a mesma idade de Arian e não muito mais velha do que Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Então, como você está? – perguntou Maya a Arian.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Estou bem, pensei que você não iria passar por aqui hoje.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu acabei de chegar do vilarejo Andalaar, as coisas não estão boas – fez uma pausa – Acabei de saber que Elenwë foi assassinada...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- A Esbael? – interrompeu Arian.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah arregalou os olhos, se a Esbael de quem elas estavam falando era uma mulher e esta tinha morrido, significava que a pessoa de quem falavam era aquela de seu sonho, aquela que protegia o livro. Se a mulher, Elenwë, realmente existia isso significava que aquelas criaturas horrendas também? Um calafrio percorreu sua espinha, agora Sarah sabia no que estava se metendo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sim – respondeu Maya – Alguns homens disseram que a loucura cega o rei Oberon, eles querem combatê-lo, mas o medo toma conta de seus corações depois de tudo o que o rei já fez. Eles temem o destino que suas famílias terão se por acaso se opuserem a ele.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah respirou fundo, ela mal podia esperar pelo dia seguinte pra que pudesse falar com Kionnuhr, e arrumasse um jeito de voltar para casa. Não sabia que futuro teria se continuasse naquele mundo e sendo a nova guardiã do livro. Procurou esquecer tais pensamentos e se concentrar no presente. Coisa que seus pais haviam lhe ensinado: “O mais belo momento da vida, o mais rico e o mais carregado de futuro, é o minuto presente.” – era o que costumavam dizer. Ah, seus pais, sentia tanto a falta deles, agora mais do que nunca.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você está bem? – perguntou Arian a Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- T-tudo bem – gaguejou Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que é isso nas suas costas? – indagou Maya curiosamente, enquanto se aproximava da mochila de Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- É tipo uma bolsa, você sabe, pra guardar as coisas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu sei o que é uma bolsa, tenho uma bem aqui! – disse ela apontando para um pequeno saco de couro preso em um cinto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que é você? – perguntou a garota.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que sou eu?! – espantou-se a mulher dando uma gargalhada – Eu minha cara, sou uma animorfa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Aniquê?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Animorfa – repetiu asperamente –, eu posso me transformar em qualquer animal que eu queira, mas prefiro o tigre e a raposa – explicou – E você o que é?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah não acreditava que diria aquilo, mas era a única coisa que fazia as pessoas daquele mundo a tratarem com mais respeito. E este era o jeito que ela gostava de ser tratada, com respeito. Coisa que os alunos de seu colégio não faziam, apenas Karina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sou uma Esbael – respondeu seriamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A animorfa parecia estar em choque, ela encarou Sarah por um bom tempo antes que pudesse dizer uma palavra novamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- E-Esbael? – gaguejou a mulher – Mas a Esbael era Elenwë e ela esta morta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sou a mais nova Esbael – disse ela estendendo o pulso esquerdo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Entendo – fez uma pausa – Sinto-me honrada – disse inclinando levemente a cabeça e ensaiando um sorriso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Estamos indo para a caverna Duisternes amanhã para falarmos com Kionnuhr, gostaria de vir conosco? – indagou Arian.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Mas é claro, quero ver no que isso vai dar! Podem partir sem mim, eu as encontrarei.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Então até amanhã! – disse Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Que as estrelas a iluminem esta noite – disse Maya fazendo uma leve reverência.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Até logo, minha amiga – despediu-se Arian.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Maya recuou e transformou-se novamente em tigre, subindo rapidamente na árvore mais próxima com o auxilio de suas garras e desaparecendo de vista.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que ela quis dizer com isso?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ela a abençoou – respondeu Arian – Agora vamos voltar antes que anoiteça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>As duas viraram-se e seguiram para Flóriur, a cidade do povo Endirvis. Atravessaram o riacho e entraram na floresta. Arian conduziu Sarah até a casa onde a jovem estava hospedada, já que ela não conseguia se localizar em uma floresta como fazia na cidade.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Descanse hoje, pois amanhã nossa jornada será longa e não sabemos que perigo nos aguarda – fez uma reverência – Durma bem ó rogesh – inclinou a cabeça e se retirou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah ainda não estava acostumada com tais formalidades e nem em ser tratada tão bem, as últimas vinte e quatro horas tinham sido exaustivas e ela ainda tinha esperanças de que na manhã seguinte, iria acordar e perceber que tudo não passara de um sonho. Afinal, era tecnicamente impossível alguém ser transportada para um mundo estranho como aquele por um simples objeto e uma mulher comum se transformar em um animal. Subiu as escadas de sua hospedaria, fechou a porta do quarto e deitou-se na cama.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>No dia seguinte, Sarah acordou cedo devido ao costume que tinha de ir para a escola pela manhã. Levantou-se e calçou suas botas, dirigindo-se para a sala. Ao chegar lá, viu a mesa repleta de frutas de todos os tipos, inclusive alguns que ela nunca tinha visto, mais adiante, Arian debruçava-se pela janela do cômodo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Bom dia, Sarah-rogesh.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Bom dia Arian – deu um sorriso – como conseguiu trazer tudo isso para cá?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Venha ver!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah aproximou-se da janela, onde Arian puxava uma corda e fazia uma pequena cesta subir. Quando terminou, amarrou-a em uma estaca que ficava presa à parede da sala próxima a janela, e debruçou-se sobre ela, retirando mais algumas frutas da cesta. Em seguida, Arian caminhou até a mesa e colocou a comida sobre ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Acho que já é o suficiente para você não é?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Está ótimo!Obrigada!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Você não subiu a escada como eu lhe pedi, não foi? – indagou a mulher observando Sarah sentar-se a mesa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Eu esqueci – disse a garota com um sorriso descuidado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Não é brincadeira!Se alguém tivesse descoberto que você estava aqui na noite passada e decidisse lhe atacar e roubar o livro?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah abaixou a cabeça pensando nas conseqüências que seu ato trariam para ela e para as pessoas da cidade.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Sinto muito.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Arian sorriu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Deixe para lá, agora já passou. Só tome cuidado pra que não aconteça novamente, certo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tudo bem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Agora coma, você deve estar faminta depois de um dia agitado como o de ontem, estarei esperando lá em baixo – disse ela enquanto se dirigia para as escadas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sarah olhou bem para a mesa cheia de frutas e pegou uma maçã, abocanhando-a rapidamente, em seguida pegou uma uva e a colocou na boca, ao engolir o pedaço da maçã. Quando terminou de tomar seu café da manhã, Sarah tomou banho no pequeno “chuveiro” feito de madeira, vestiu-se e colocando sua mochila nas costas, desceu as escadas da casa, onde encontrou Arian encostada no tronco da árvore.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tome! – disse a mulher atirando uma adaga guardada em uma bainha preta – Vai precisar disso para se defender caso o rei Oberon envie alguma surpresa para nós no caminho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- M-mas eu nunca usei u-uma arma antes.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Tenho certeza que quando chegar o momento certo, você saberá.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Como o rei vai saber que estou com vocês ou para onde estou indo? – indagou Sarah com curiosidade enquanto começava a seguir Arian por entre as árvores.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O rei tem muitos espiões por aí e se alguns deles o informaram de sua aparência física. Oberon consegue vê-la através de um feitiço em sua bola de cristal, a não ser que a pessoa observada esteja protegida por algo mais forte.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>As duas pararam na beira do riacho onde cinco Endirvis as esperavam com duas canoas. Arian deu sinal para que carregassem as pequenas embarcações. Mais adiante, onde não havia mais pedras que pudessem atrapalhar o progresso das canoas dentro do rio, Arian e Sarah ajudaram os companheiros a colocá-las na água, depois entraram três em uma e quatro em outra.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Um dos Endirvis ensinou Sarah a remar, explicando-lhe que como ela estava na ponta da embarcação, deveria equilibrá-la remando duas vezes de um lado, depois duas vezes do outro. Sarah logo pegou o jeito e com a ajuda da correnteza do rio, eles se locomoveram rapidamente. Quando o sol começou a se pôr, atracaram as canoas na margem e lá acamparam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Arian mandou um de seus companheiros arrumar comida e ele voltou com diversas frutas nos braços. Este ato começou a despertar certa curiosidade em Sarah, ela não os via comendo carne, apenas frutas o dia inteiro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Vocês não comem carne?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Arian e os companheiros riram com gosto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Por que comeríamos Sarah-rogesh, se somos os protetores da floresta? - fez uma pausa - Cada animal neste lugar, cada planta aqui presente tem vida e sentimento, seriamos incapazes de destruí-los para nos alimentarmos, por isso só comemos as frutas – explicou – Ainda assim com grande pesar, pois elas também estão vivas, mas não temos escolha, precisamos nos alimentar – acrescentou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Entendi – disse Sarah vendo certo sentido no que a mulher dizia, mas isso não a faria mudar de idéia em relação a comer carne. Afinal, era um alimento muito bom.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>A noite caiu e diversas estrelas se espalharam pelo céu. Os Endirvis já haviam adormecido, mas Sarah permanecia acordada enquanto distraia-se em seus pensamentos. Ela estava deitada com as mãos sob a cabeça olhando as estrelas, perguntando-se como seus pais estariam preocupados com seu desaparecimento. Uma lágrima escorreu por seu rosto moreno e delicado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Sentia-se deslocada em um mundo totalmente diferente do seu, com pessoas desconhecidas e costumes estranhos. Sentia falta de sua família, de sua amiga Karina e até dos cheeseburgers e batatas fritas. Iria enlouquecer se continuasse naquele lugar por mais alguns dias se alimentando apenas de frutas. Viajando em suas preocupações, Sarah adormeceu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Despertou na manhã seguinte ao sentir os raios do sol envolvendo seu rosto. Esfregou os olhos e caminhou até a beira do rio, pegando uma porção de água e molhando o rosto para que pudesse sentir-se mais disposta. Acordou a todos que ainda dormiam e novamente colocaram as canoas na correnteza do rio, seguindo viajem. Ao entardecer, Arian ordenou que todos atracassem novamente na margem, para que pudessem acampar. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Por que vamos parar agora? – indagou Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Está vendo este chão que estamos pisando? – a garota assentiu – Olhe para ele mais adiante com relação ao rio, lá na frente este chão tornou-se um penhasco e as águas não tem mais margem. Conseqüentemente não teremos onde acampar se anoitecer – fez uma pausa – Mas se navegarmos bem cedo, chegaremos à caverna ao entardecer de amanhã.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ah, tá.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Ao cair da noite todos repetiram a refeição dos últimos dias e foram se deitar, mas desta vez, Arian ficou de vigília. Sarah não demorou muito para cair no sono e logo se viu mergulhada em um sonho muito parecido com o primeiro que teve quando ainda estava em seu mundo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>Desta vez, Elenwë, a mulher de cabelos longos e castanho-escuros, com seus olhos verdes e tristes, estava em uma cela escura e suja, onde Sarah pôde ver alguns ratos correndo enquanto a mulher chorava de dor com os pulsos amarrados <st1:personname productid="em grilhes. Ela" st="on">em grilhões. Ela</st1:personname> notou que ela não tinha uma tatuagem igual a sua em lugar algum. Elenwë abriu os olhos e ergueu a cabeça ao ouvir o rangido, emitido pela porta de sua cela, se abrindo. Tinha ferimentos superficiais em seu rosto. Sarah tentou ver o que era que estava acontecendo, mas a única coisa que viu foi o rosto de... <i style="">Arian?<o:p></o:p></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Acorde rogesh! – sussurrou a mulher.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- O que foi? – indagou Sarah, atordoada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span>- Ouvi barulhos vindos da floresta, temos que sair daqui!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=";font-family:";font-size:11;" ><span style=""> </span><o:p></o:p></span></p>devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1887075425575350270.post-27420187761582717362007-12-18T17:48:00.000-08:002008-01-19T15:27:24.929-08:00Capítulo 2 – Uma fatalidade<p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b style=""><span style=""><o:p> </o:p></span></b></p><b style=""><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span></b><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""><span style="font-weight: bold;"> </span> </span>Depois de se vestir, Sarah desceu as escadas e saiu de casa, caminhando por sua rua. O céu começava a escurecer e as nuvens acinzentadas, carregadas com chuva, cobriam a lua e as estrelas. Dobrou a esquerda ao chegar ao final da rua e parou em frente a uma casa de tamanho médio que lembrava bastante a dela – se não fosse pelo muro branco e o portão avermelhado. Ela se aproximou da entrada e colocou o dedo sobre a campainha.<o:p></o:p></span> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Bem, aqui vou eu – disse para si mesma, apertando o botão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ela escutou o ressoar da campainha em um tom baixo, como se viesse dos fundos da casa. Após alguns minutos, ouviu passos apressados em direção a ela. A pessoa parou, fungou e finalmente, abriu. Era a mãe de Regina, Sra. Lima, estava com o rosto um tanto inchado e as bochechas bastante vermelhas, parecia que estivera chorando. Sra. Lima puxou as abas de seu casaco, de lã na cor creme, e abraçou o peito para se proteger do frio.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sarah – disse ela passando as mãos sobre os cabelos castanhos e desajeitados. – Que bom ver você – ensaiou um sorriso. – O que faz aqui?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vim falar com Regina, ela está?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Si... – foi interrompida por um grito que vinha de dentro da casa. A mulher apertou os olhos e disse: - Ela está sim, vou chamar. Espere só um minutinho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sra. Lima deu as costas e fechou a porta com um baque. A jovem se virou e começou a caminhar enquanto olhava para o céu. Ouviu o ranger do portão novamente e Regina surgiu. Não parecia a mesma garota do colégio, segura e elegante. Estava com um rabo de cavalo idêntico ao de Karina e seu rosto, mais envelhecido, ela aparentava ter uns trinta anos. As pálpebras estavam vermelhas como as da mãe e vestia uma blusa de manga comprida.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que você quer aqui? – indagou com a voz trêmula.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu queria conver... – parou, pois algo lhe chamou atenção.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah notou um arranhão no braço da garota e seu olhar se fixou ali. Regina percebeu e puxou as mangas da blusa enquanto cruzava os braços.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Diga logo o que veio fazer aqui! – vociferou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não fique nervosa. Só vim me desculpar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Bom, se é tudo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que houve Regina, onde se cortou assim?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não é da sua conta – disse ela dando as costas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah a segurou pelo braço e ergueu a manga. O arranhão se estendia por todo o antebraço. Pegou na outra mão da garota e procurou por mais cortes: o braço esquerdo estava com pequenos hematomas e um contorno avermelhado na forma de uma mão, como se a garota tivesse sido segurada com força. A jovem ergueu os olhos para Regina e viu que seus olhos enchiam de lágrimas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Quem fez isso? - a garota caiu em prantos e abraçou Sarah com força. – Vamos sair daqui – disse ela conduzindo-a até uma calçada longe dali, onde sentaram. – Agora me conte o que aconteceu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Por que eu deveria desabafar com você se não somos amigas?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Seríamos se você não tivesse se tornado tão arrogante!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu?!Você era a única amiga que eu tinha e quando aquela fazendeira apareceu você me esqueceu completamente!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Isso não é verdade.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não é?!Nós andávamos sempre juntas até que entramos no ginásio. Muitas pessoas ficaram em salas diferentes e você caiu na daquela garota!A partir de então esqueceu que eu existia – disse ela ainda em prantos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você se afastou!Eu mal te encontrava e quando nos víamos você estava sempre calada pelos cantos!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu estava passando por uma fase, meu pai nos abandonou quando eu tinha onze anos sem se despedir ou deixar algum recado para mim, simplesmente sumiu – ela agora soluçava. – E minha mãe arrumou outro assim! – estalou os dedos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah ficou paralisada com os olhos arregalados.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Foi ele que fez isso com você? Seu padrasto. Foi ele quem te machucou?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Ele é um bêbado desequilibrado que grita o tempo inteiro e bate na minha mãe – deus algumas fungadas e enxugou as lágrimas. – Geralmente deixo eles se entenderem, mas hoje, os gritos dela me deixaram agoniada e corri para ajudá-la... – fez uma pausa para tomar fôlego, pois os soluços não a deixavam falar. -... Ele apertou meu braço e me jogou contra o chão. Quando tentei me segurar em alguma coisa, meu braço bateu na quina da mesa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Isso é terrível – disse Sarah com os olhos cheios de lágrimas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Por isso ajo daquela maneira na escola, lá é o único lugar onde sou forte, com um grupo sempre atrás de mim e pessoas que têm tanto medo que não teriam coragem para me mal tratar – a jovem ficou ereta, suspirou e enxugou as lágrimas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Mas isso é errado Regina, você afasta as pessoas quando deveria trazê-las para perto de você. Fazer amizades verdadeiras. Assim você teria no colégio a alegria que você não tem aqui com pessoas sempre dispostas a lhe dar um ombro amigo – fez uma pausa. – Afinal por que não denunciam esse monstro?!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Minha mãe tem medo Sarah. Medo do que ele possa fazer.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sra. Lima surgiu na entrada da casa e gesticulou para que Regina entrasse.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Foi bom conversar com você – disse ela pondo-se de pé e abrindo um sorriso verdadeiro, como em muito tempo Sarah não via. – Até amanhã.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Até – despediu-se Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><span style=""> </span>Após caminhar alguns minutos até sua casa, Sarah entrou lentamente. Não havia ninguém e tudo estava um tanto escuro na sala de estar. Ela caminhou até a despensa da cozinha retirando algumas barrinhas de chocolate e um pacote de cheetos, depois subiu as escadas e entrou em seu quarto, colocando-os dentro da bolsa. Entrou no banheiro e foi escovar os dentes.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Quando terminou, abriu um sorriso exagerado para ver se estavam realmente limpos. Enquanto passava o fio dental, sentiu um arrepio se espalhar por seu corpo, seguido de sussurros que começou a ouvir. Eram os mesmos murmúrios que ouvira quando havia terminado de tomar banho durante a tarde. Balançou a cabeça como se fosse apenas uma ilusão, e continuou o que estava fazendo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Quando as vozes começaram a ficar cada vez mais altas e insistentes ela começou a ficar nervosa. Jogou o fio dental no lixeiro e caminhou para o quarto. Lá estava o livro. As vozes ficavam cada vez mais altas como se o objeto chamasse por ela. A cada passo desconfiado seu coração batia tão rápido que lembrava o bumbar de tambores. Ela engoliu em seco e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Tá legal, agora sim está começando a me assustar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Franziu a testa enquanto se perguntava por que ele fazia aquilo. Pegou-o e o colocou sobre o colo, o som desapareceu. Passou as mãos sobre a capa admirando seus belos desenhos e símbolos. <i>“Gostaria de saber o que significam”</i> – pensou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Abriu o livro e examinou cada página com calma, como não tinha feito antes. Ao final dele ela encontrou uma frase. <i>“Você não estava aqui antes!Pelo menos não que eu tenha notado”</i> – disse para si mesma. Passou a mão sobre a página amarelada depois leu em voz alta: <i><o:p></o:p></i></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><i><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><i><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";">“Uma nova esbael de outro mundo virá,<o:p></o:p></span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><i><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";">com a ajuda deste livro no tempo voltará<o:p></o:p></span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><i><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";">e quando o protetor nomear,<o:p></o:p></span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><i><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";">o guiará para ao povo ajudar.”<o:p></o:p></span></i></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Esbael? – perguntou Sarah a si mesma – Eu ein!Este livro é sinistro, tenho que me livrar dele o mais rápido possível.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A garota fechou o livro com um estalo colocando-o sobre a cama e levantando-se dela, alguns segundos depois o objeto começou a brilhar, ela apanhou a vassoura que havia deixado perto da cama, armando-se novamente. As páginas do livro começaram a se folhear sozinhas. Sarah arregalou os olhos. O objeto saltou sobre ela, que o segurou com a mão esquerda enquanto a outra tentava retirá-lo, mas estava grudado. A garota pegou a mochila e começou a bater no livro, ainda preso à sua mão esquerda, mas de nada adiantou. Ela sentiu um formigamento no pulso e depois, tudo ficou escuro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah sentia um cheiro estranho de grama molhada depois de uma chuva de inverno. Apertou os olhos ainda fechados como se estranhasse o ambiente. Foi abrindo-os aos poucos, havia um borrão em sua visão, um mesclado das cores marrom e verde. Piscou os olhos rapidamente na tentativa de tornar as imagens mais nítidas. Quando finalmente tudo em sua vista voltou ao normal, Sarah se sentou e colocou a mão sobre a cabeça, que doía de tal maneira que parecia que ela tinha levado uma pancada muito forte.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ao deslizar a mão sobre a testa, notou um desenho estranho em seu pulso esquerdo, um desenho que se parecia com a capa do livro – a coroa no meio e sete símbolos menores ao seu redor. Arregalou os olhos e esfregou o pulso para ver se saía, mas o desenho estava tão firme que parecia uma tatuagem feita com tinta permanente. Procurando acalmar-se, ela olhou <st1:personname productid="em volta. Viu" st="on">em volta. Viu</st1:PersonName> diversas árvores com tamanhos variados, de trinta a quarenta metros de altura, com troncos muito grossos, galhos retorcidos e uma cor verde exuberante em suas folhas. O ambiente da floresta era um pouco úmido.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Uma floresta?! Como eu vim parar aqui? – perguntou Sarah a si mesma. – Não é possível, isso tudo só pode ser um sonho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ela ouviu um barulho de galhos sendo quebrados enquanto eram arrastados e virou-se para ver o que era. A única coisa que conseguiu identificar atrás de uma das árvores foi uma pequena cauda de cor vermelho fogo. Sua respiração acelerou e seu coração estava prestes a sair pela boca a qualquer momento.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu não vou ficar aqui para descobrir. – murmurou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah ficou rapidamente de pé e apanhou a mochila e o livro, que estavam ao seu lado. Colocou o objeto dentro da bolsa e saiu correndo floresta adentro. Por mais que ela se distanciasse, o barulho se aproximava de novo a uma velocidade surpreendente. Sarah não fazia idéia de onde estava, só via árvores e mais árvores em seu caminho, decidiu correr em linha reta sem olhar para trás <i>“Quem sabe assim chegarei ao final da floresta” </i>– pensou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Depois de uns quinze minutos que pareceram horas, ela começou a ouvir o barulho de uma corredeira, fez uma pausa, estava ofegante por causa de sua corrida frenética. Olhou ao redor procurando ver de onde vinha aquele som. Optou por pegar o caminho da direita e correu novamente por entre as árvores, até que finalmente avistou um riacho ao longe. Ela fez uma pequena pausa, sorriu e continuou o seu percurso. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Pisou nas águas do rio e continuou a correr, mas houve um momento que ela não saia do lugar e era como se estivesse deslizando, tentou equilibrar-se, mas a pedra em que estava era muito escorregadia. Sarah cedeu e sentiu uma dor sufocante percorrer sua espinha, prendeu a respiração instintivamente na tentativa de diminuir o sofrimento. O barulho que ela havia deixado para trás agora se aproximava, o medo tomou conta de seu ser, a dor era tanta que ela não conseguia pôr-se de pé. Sentia a água do riacho tocar em seu rosto enquanto batia na pedra em que ela estava deitada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Apertou a mão direita que segurava a mochila, para que sua fraqueza não a deixasse escapar. Respirou fundo e tentou se sentar, suas costas e seu cabelo estavam molhados. O som assustador estava perto agora, ela podia sentir. Virou a cabeça para a direção do barulho e alguma coisa começou a surgir por entre as árvores, até que a imagem de uma cobra gigante surgiu. O animal deveria ter no mínimo uns vinte metros de comprimento, tinha a cor vermelho fogo, com alguns círculos pequenos de cor laranja que se espalhavam por sua pele escamosa e dois pequenos espinhos na ponta do nariz.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah ficou paralisada, não podia correr mesmo que esta fosse a sua vontade. O animal serpenteou em sua direção, atravessando o riacho. A jovem sentiu como se algo invadisse a privacidade de sua mente, a cobra gigante a encarava com os olhos apertados, mas não demonstrava nenhuma reação de que iria atacar. Seus pensamentos estavam confusos, lembranças de sua infância, de seu sonho e de como tinha encontrado o livro passavam rapidamente em sua cabeça à medida que a criatura gigante se aproximava dela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A cobra estava muito perto agora, e Sarah podia sentir o hálito quente da criatura envolver seu rosto. Fechou os olhos procurando controlar o medo que sentia naquele momento. Suas lembranças começaram a passar mais lentamente, até que cessaram.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A jovem sentiu a respiração da criatura desaparecer, depois ouviu um barulho atravessar o riacho e se enfiar no meio da floresta. Abriu os olhos e a serpente gigante havia desaparecido. Uma sensação de alívio tomou conta de seu ser. Colocou a mochila nas costas e virou-se para o caminho contrário ao que a criatura havia tomado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><span style=""> </span>Deu um salto ao ver sete pessoas estranhas vestidas em roupas pequenas. Estavam armadas com adagas e algumas delas com seus arcos e flechas. Todos tinham cabelos escuros como a noite e olhos de cor vermelho rubi. Uma mulher que estava no grupo se aproximou – seu olhar era penetrante, usava uma blusa marrom enfeitada com algumas folhas que deixava sua barriga magra a mostra, usava também um shorte curto que acompanhava a blusa, e botas de cor marrom feitas de couro, além de uma pintura azul bem exótica no rosto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A mulher colocou a ponta de sua adaga no pescoço de Sarah, estudando-a. Ela franziu a testa e falou para os companheiros:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Ko odes nod uden? (De onde ela saiu?) – olhou para a garota de cima à baixo e sorriu – Wos rothas udenmajis (Que roupas estranhas) – os companheiros riram. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Y wos va danieb wos goth lon mod? – vociferou uma das pessoas do grupo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A mulher pegou Sarah pelos ombros e girou-a de modo que ficasse de costas para ela, puxando bruscamente a mochila.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Hei! – gritou a garota – Me devolva isso! – deu um passo para frente, mas recuou quando várias flechas foram apontadas para ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A estranha guardou a adaga em sua cintura e segurou a mochila em cada uma de suas extremidades, puxando com força na tentativa de abri-la. Sarah riu e tentou tocar na bolsa, mas novamente flechas foram apontadas para ela. A garota olhou bem no fundo dos olhos da mulher e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu não vou te machucar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A mulher apertou seus olhos vermelhos com desconfiança, em seguida virou a cabeça para os companheiros e balançou-a em sinal positivo. Imediatamente, todos abaixaram suas armas. Sarah pegou a mochila e abriu o zíper do bolso maior, entregando-a para a mulher, que sorriu impressionada com a facilidade com a qual a jovem tinha aberto aquele objeto tão estranho para ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ela enfiou a mão dentro do bolso e começou a vasculhar os objetos, enquanto retirava-os e lançava aos companheiros coisas como: as barrinhas de chocolate, balas de hortelã e o pacote de cheetos que Sarah havia guardado para levar à escola no dia seguinte. Um tempo depois, a mulher parou de mexer nas coisas e arregalou seus olhos brilhantes virando-os para Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A estranha fechou o zíper do bolso e atirou a mochila para os companheiros, em seguida pegou Sarah pelo braço direito e foi passando a mão por ele, a procura de algo. Pegou o punho esquerdo e analisou-o até que viu o símbolo estampado em seu pulso. A mulher recuou e colocou uma das mãos sobre a boca como se tivesse se assustado com a tatuagem da garota. As outras pessoas do grupo, que a acompanhavam, começaram a sussurrar entre si ao ver o desenho: <i style="">rogesh.<o:p></o:p></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Me waldir tiras-ko odes mod o vandar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ao dizer isso duas pessoas do grupo caminharam até Sarah e a seguraram pelos braços, arrastando-a para o caminho que a cobra havia tomado. A garota entrou em pânico e começou a firmar os pés no chão, lutando contra as pessoas estranhas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não! – gritava ela – Tem um monstro aí dentro e acreditem, eu não estou nem um pouco a fim de ser comida!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Cale-se humana! – disse a mulher.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah lançou-lhe um olhar de surpresa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Quem são vocês? – indagou a garota lentamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Nada de informações por enquanto, apenas confie em nós.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah olhou para o chão, pensativa. Ela parou de lutar contra os seres estranhos e deixou que a levassem, caminhando floresta adentro. Algumas das pessoas do grupo os seguiam enquanto andavam de costas, armados com seus arcos e adagas, como se protegessem algo muito importante. Enfim, pararam de andar ao chegarem a uma árvore que aparentava ter uns sessenta metros de altura – era a maior em toda a floresta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A mulher se aproximou da árvore e deu três batidas nela, uma escada feita de corda e um pouco de madeira – que formava os degraus – foi lançada. Ela se virou para os dois homens que seguravam Sarah e gesticulou com a mão. Eles a levaram para a escada e mandaram que ela subisse.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah segurou-se nas extremidades da escada bamba e frágil, e começou a subir até o topo. A garota virou-se e olhou para baixo, avistando a mulher logo atrás dela, depois, continuou seu percurso. Ao chegar ao topo, Sarah viu uma enorme casa construída sobre a árvore. Na entrada dela havia dois homens vestidos exatamente iguais aos companheiros da mulher, a única diferença é que eles seguravam uma lança enorme – cada um – feita de madeira com uma adaga presa no final, que formava a ponta da lança.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ela ficou deslumbrada com a construção. Era simples, mas muito bonita. O chão era feito de tábuas de madeira que pareciam ter sido feitas à mão, além de serem desgastadas e polidas por constantes passadas. Sarah observava tudo nos mínimos detalhes, até que a mulher finalmente chegou ao topo. A estranha segurou em seu ombro e a conduziu para um portão a uns dois metros de distância de onde elas estavam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Na frente do portão havia uma mulher com características semelhantes a que a acompanhava, mas linhas espalhadas por seu rosto e alguns pés de galinha em seus olhos diziam que ela era mais velha. A mulher se aproximou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Wos waron? (O que quer?) – indagou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eteri agu tui vreon algos. (Estou aqui para ver nosso líder)<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A mulher mais velha olhou para Sarah franzindo a testa. Depois, afastou-se do portão de madeira esculpida com alguns desenhos e gesticulou, abrindo o caminho para que pudessem passar. A acompanhante de Sarah empurrou o portão e ambas entraram. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A jovem pôde ver não muito distante, uma cadeira com um encosto grande feito de madeira e um homem sentado nela inclinado para frente apoiando o rosto sobre uma das mãos. Ele usava uma fita de couro ao redor da cabeça que o destacava dos demais, e sua pele era limpa sem qualquer sinal de rugas ou cicatrizes - ele aparentava ter uns vinte e poucos anos. Elas se aproximaram, Sarah viu a mulher ajoelhando-se e fez o mesmo. A desconhecida olhou para o chão e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Far gol, vassildador lars aesire ne forthiron.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>O homem se levantou calmamente de seu trono rústico e se aproximou das duas. Sarah ergueu a cabeça com curiosidade para ver o que ele iria fazer. Ele tocou no ombro da mulher e ela ficou de pé. Olhando-o com respeito disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Thirieri wos ek porth bre rogesh.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>O homem virou a cabeça rapidamente para a mulher repetindo: <i style="">rogesh? </i>.Quando ela balançou a cabeça afirmativamente, ele arregalou os olhos, espantado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><span style=""> </span>- Ador valesh wos gloin lo melka novas. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A mulher fez uma reverência e se retirou. Sarah permanecia ajoelhada. O homem deu as costas para ela e sentou-se novamente em seu trono.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Pode levantar-se. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah obedeceu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Então você é a nova Esbael? – perguntou ele educadamente enquanto descia os degraus que iam de encontro a sua cadeira rústica.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Agora que o senhor mencionou, eu realmente gostaria de saber o que é isso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Então você não é a Esbael?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não sei responder – respondeu ela calmamente – Primeiro eu tive um sonho esquisito com uma mulher sendo perseguida que carregava um livro estranho que por coincidência, acabou caindo em minhas mãos. Este objeto estranho pulou em cima de mim e me deixou inconsciente. Quando eu acordei, estava nessa floresta com uma tatuagem esquisita no pulso, com uma cobra gigante atrás de mim e quando pensei que tivesse me livrado de tudo, um monte de pessoas armadas estavam atrás de mim. – disse ela freneticamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que é uma tatuagem? – perguntou o rei calmamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Tá brincando né? – disse ela com um sorriso irônico, mas ao perceber que o homem realmente não sabia o que era, pôs-se a explicar: – Uma tatuagem é um desenho que você faz no corpo entende?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Entendo, deixe-me ver a sua “tatuagem” – disse ele estendendo a mão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah se aproximou dele e estendeu o pulso esquerdo. O homem passou a mão sobre o desenho e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>– Parece-me que ainda não sabia, mas você é sim, a nova <i style="">Esbael</i>. Você é muito importante para a proteção do livro de pórion e para todos nós.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Livro de pórion?Tá falando daquele livro esquisito que fez esse desenho no meu pulso?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Isso mesmo, Você o tem aqui com você?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Está guardado na minha bolsa, que está com alguma das pessoas que me pegaram na floresta. – respondeu Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Guarde este livro com a sua vida! – disse o homem, mudando rapidamente o tom de voz doce para um mais sério. – Ele não pode cair em mãos erradas está entendendo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah se assustou, mas balançou positivamente a cabeça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Este objeto é o mapa para os quatro artefatos de pórion e você é a guardiã deste mapa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu tô ficando confusa, poderia me explicar o que está acontecendo?Quem são vocês?O que é uma Esbael? Que artefatos são esses? E quem são as pessoas que não podem pegar o livro?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Tenha calma, irei responder a cada uma de suas perguntas. – Ele caminhou até ela e a conduziu para uma porta que ficava a esquerda dele. – Vamos para um lugar onde possamos conversar com mais conforto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ao ultrapassarem a porta, entraram em uma sala onde havia uma mesa quadrada com quatro cadeiras ao redor. A sala era iluminada por duas janelas e através delas, podiam ver a floresta por onde Sarah havia passado. O homem gesticulou para que a garota se acomodasse em uma das cadeiras, em seguida sentou-se também.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Então, o que quer saber? – perguntou ele cruzando os dedos de forma que as palmas das mãos se encontraram.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p>devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1887075425575350270.post-39361458964829570582007-12-18T17:47:00.000-08:002008-01-19T15:26:41.278-08:00Capítulo 1 – Estranhas coincidências<p class="MsoNormal"><span style=""><o:p> </o:p></span></p><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p></o:p></span><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Levantou-se do colchão e observou o computador sobre a mesa, ao lado da cama de solteiro. Em frente a ela havia uma cômoda com uma pequena televisão, e no lado oposto, um guarda-roupa. A jovem se retirou do quarto e caminhou até a cozinha, onde abriu a geladeira e retirou uma jarra de vidro que continha água, despejando um pouco do conteúdo em um copo que retirara do armário.<o:p></o:p></span> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Cada vez que bebia o líquido, imagens de seu sonho surgiam <st1:personname productid="em flashes. Cerrou" st="on">em <i>flashes</i>. Cerrou</st1:PersonName> os olhos de forma vagarosa, na esperança de esquecê-las, mas ainda assim, só lhe traziam dores de cabeça. Por fim, concluiu que seria melhor voltar para a cama e tentar dormir novamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah terminou sua bebida, molhou o copo na torneira e o guardou dentro do armário. Depois, caminhou a passos lentos até seu quarto, mergulhando sobre a cama e agarrando o travesseiro. Levou algum tempo para que sua mente, infestada de pensamentos, finalmente se acalmasse, e então, adormeceu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Tomou um susto, na manhã seguinte, ao ouvir o som escandaloso que o despertador emitia. Ela estendeu a mão e o desligou, sentando-se calmamente e esfregando os olhos enquanto sentia o calor dos raios do sol, que invadiam o cômodo através da janela de vidro, tocar-lhe o rosto. A jovem bocejou ao observar o uniforme do colégio sobre a mesa. Com muita determinação, pôs-se de pé e caminhou até o banheiro, onde apoiou as mãos sobre a pia, inclinando-se para frente enquanto se olhava no espelho: o rosto inchado e as olheiras profundas que contornavam seus olhos eram as marcas da noite mal dormida.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah retirou suas vestes e entrou no Box, onde ligou o chuveiro. A água gelada que escorria por seu corpo moreno, tirava-lhe o fôlego. O silêncio presente no ambiente era quebrado por sua respiração acelerada. O banho a deixava muito menos agitada do que estava e, aos poucos, as lembranças do sonho começavam a esvaecer. Quando terminou, envolveu-se em uma toalha e foi até o quarto enquanto penteava os cabelos com um pente fino. Depois vestiu o uniforme, pegou a mochila e saiu. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ao descer as escadas, viu a mãe – uma mulher elegante com cabelos negros e curtos, que aparentava ter menos de quarenta anos – sentada no lugar de sempre. O pai – homem de negócios que passava a maior parte do tempo vestindo um terno, pois nunca parava de trabalhar, tinha cabelos castanhos e uma barba que seguia o molde de seu rosto – bem ao lado dela, e seu irmão – era idêntico ao pai, só que muito mais jovem e não tinha barba – em frente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Bom dia querida – disse Laiza.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Este país está errado! – disse Rafael, fazendo uma pausa para cumprimentar a filha. – É um país sem o mínimo de interesse de investir em educação, endividado, tremendamente violento e onde a desigualdade social extrapola todos os limites!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A mesa era larga e havia uma grande variedade de comidas. Havia pães guardados em uma cestinha feita com leves tiras de madeira de cor escura e dois potes pequenos com geléias de morango e uva. Uma jarra com suco de maracujá e uma com água ficavam no centro, ao lado de uma garrafa térmica que continha café. Frutas de todos os tipos ficavam sobre uma fruteira ao lado da manteiga e do requeijão. Sarah puxou uma cadeira e se acomodou, enquanto ouvia o pai criticar o governo do país. Ela pegou a xícara e o pires, que estavam sobre seu prato, e os colocou a certa distância. Depois, pegou um pão no monte da cestinha e o cortou, passando um pouco de geléia por dentro. Em seguida, encheu seu copo com água e deu uma mordida no pão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Concordo com você pai – disse Mick, seu irmão mais velho. – E o pior de tudo não é isso, é que por mais que saibamos que tudo precisa de conserto, ainda assim, as pessoas continuam colocando o mesmo incompetente para governar o país.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- É por isso que eu digo: O povo gosta de ser enganado!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Quando terminou a metade do pão, observou que o relógio preso à parede marcava seis e quarenta e cinco, o que significava que faltavam apenas cinco minutos para que seu ônibus chegasse. Sarah largou a comida sobre o prato e bebeu a água rapidamente enquanto ainda escutava as críticas do pai sobre o mesmo tema. Aquela conversa todas as manhãs sobre política durante as refeições a entediava, mas ela não podia deixar de concordar com a forma com a qual seu pai e seu irmão pensavam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Bom, a conversa está boa, mas tenho que ir ou me atrasarei para a faculdade. – despediu-se Mick dando um beijo na mãe e passando a mão sobre a cabeça da irmã.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah ficou de pé rapidamente e, olhando mais uma vez para o relógio, colocou um biscoito na boca e disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Também tenho que ir, acordei tarde e vou acabar me atrasando. Tchau pai, tchau mãe – retirou-se, ignorando as reclamações da mãe sobre o pão que deixara no prato.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A jovem pegou a mochila que havia deixado sobre o sofá e saiu pela porta da frente. Passeou pela calçada durante os minutos que seguiam sua ansiedade, e então, o ônibus surgiu. Sarah subiu os degraus e caminhou até o final do veículo, sentando-se ao lado de sua melhor amiga, Karina – a garota usava uns óculos com lentes bem grossas "fundo de garrafa" e passava a maior parte do tempo com os cabelos loiros presos – formando um rabo de cavalo bem folgado. Tais características faziam dela uma garota esquisita e feia, mas com um coração enorme.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Era de costume que a jovem sentasse no final do automóvel e conversasse com a amiga durante o percurso para o colégio, pois assim, evitavam ao máximo os comentários sarcásticos freqüentemente direcionados a elas pelos colegas. Apesar de serem motivo de piada para os alunos, ainda assim eram felizes por terem a amizade uma da outra.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que houve com você? <span style=""> </span>– indagou Karina. – Parece cansada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não foi nada, só tive um sonho um tanto estranho na noite passada e acabe... – foi interrompida por uma bolinha de papel que acertara os óculos de Karina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Hei fazendeira! – gritou uma jovem em um grupo composto por garotas magras e bonitas que usavam uma variedade de agasalhos em um tom cor de rosa. – Por que essa blusa molhada?Esqueceu de se trocar quando regou a horta? – disse ela enquanto ouvia as amigas rirem de sua imitação caipira.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Karina ajeitou os óculos que escorregavam pelo nariz e apertou os livros enquanto se encolhia no banco. Sarah respirou fundo, tentando controlar sua raiva, e encarou a patricinha arrogante, depois se voltou para a amiga e perguntou se estava tudo bem, ela assentiu<span style="color: red;">. </span>Sarah segurou-se no banco ao sentir a brecada violenta que o ônibus havia dado e desviou seus olhos para o chão, quando algo lhe tocou os pés. Ela franziu a testa e abaixou as mãos procurando alcançar o objeto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que é isto? – indagou enquanto o colocava sobre as pernas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Que pano velho – comentou Karina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah retirou o pano que envolvia o objeto retangular e viu que era um livro, que por alguma razão lhe parecia familiar, fechou os olhos na tentativa de se lembrar de algo. “Meu sonho!” – pensou. A jovem ficou pálida e hipnotizada ao mesmo tempo, um calafrio percorreu o seu corpo. Mais perguntas além das outras antes semeadas surgiram em sua mente: “Se o meu sonho era no passado, o que este objeto do passado faz em meu tempo?” – perguntou para si mesma – “Não, deve ser só uma coincidência”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que foi?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- N-nada – gaguejou Sarah fazendo uma pausa – Se este livro está aqui no ônibus é porque alguém da escola o pegou, e como não sei quem foi acho melhor levar para a biblioteca do colégio.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Depois você resolve isso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- OK.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>O ônibus enfim, havia chegado a seu destino. Karina e Sarah esperaram todos descerem do veículo, para que não corressem o risco de serem empurradas para fora, como era de costume.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ao descerem, se dirigiram para a entrada da escola e caminharam por um enorme corredor repleto de portas e com armários encostados à parede. Sarah abriu o seu e guardou o livro que havia encontrado no automóvel, caminhando em seguida para sua sala. Acomodou-se em uma das bancas e retirou um caderno grosso e um estojo pequeno da mochila, ao ver o professor de história entrar. Ele era de tamanho médio e um pouco calvo, com pequenos vestígios de cabelos grisalhos nas laterais da cabeça – era com certeza o melhor professor que Sarah tinha e ela sempre aguardava ansiosamente por uma aula dele.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>De alguma forma, os acontecimentos recentes tiravam sua concentração e, aos poucos, todos os sons ao seu redor começavam a desaparecer. A jovem apoiou o queixo sobre a mão e olhou através da janela enquanto pensava sobre o livro e sobre seu sonho com a mulher na noite passada. As folhas de uma árvore, que podia ser vista através da janela, se desprendiam dos galhos e o vento as carregava para longe, lentamente. Cada minuto ali parecia uma eternidade e a pouca paciência que ela tinha já havia se esgotado. Muito tempo havia se passado até que a sirene, anunciando o intervalo, ecoasse pelo corredor.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah pegou seu material e guardou novamente na mochila. Ela ficou de pé e foi até o armário, destrancando-o e retirando o livro, depois, caminhou até o final do corredor e entrou na biblioteca que ficava próxima a sala da diretoria. Ela andou até o balcão de recepção:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Com licença, achei este livro no ônibus da escola – disse ela enquanto colocava o objeto sobre o balcão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A bibliotecária pegou o artefato com seus dedos branquelos e ossudos, analisando-o de todos os ângulos possíveis, através das lentes de seus óculos em meia lua. Tocou na capa e deslizou a mão até passá-la, folheando as páginas amareladas cuja grande maioria encontrava-se estragada, e assustou-se.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span><span style=""> </span>- Nunca vi este livro por aqui antes! – disse ela passando o objeto para Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Como assim?Eu o encontrei no chão do ônibus!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Tenho certeza de que este livro não nos pertence, a julgar pela capa e pelas páginas amareladas e até estragadas, diria que ou ele é muito antigo ou foi conservado inadequadamente. Olhe só para estas páginas!Nossa biblioteca cuida de livros e não os destrói!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Entendo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Alguém deve tê-lo perdido dentro do veículo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você teria algum dado que possa me informar um pouco mais sobre este livro?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Se ele tiver um título posso pesquisá-lo para você.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah procurou na capa, depois o abriu olhando as páginas e a contra capa, mas não havia nada. Ela olhou para a bibliotecária e balançou a cabeça em sinal negativo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Então sinto muito, não há nada que eu possa fazer para ajudá-la. Agora se me der licença, tenho muito trabalho a fazer – disse ela abaixando a cabeça e observando a jovem por cima das lentes. – Hei você! – sussurrou em tom de reprovação enquanto caminhava até um rapaz que falava com um colega. – A biblioteca não é lugar para conversas se não se acalmarem, vou pedir para que se retirem.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah pegou o artefato e o colocou debaixo do braço, caminhando lentamente para fora da biblioteca. Ergueu o livro na altura da cintura acariciando-o com o polegar sem prestar atenção aonde estava indo. O objeto a deixava perturbada. Era como se o fato – de o livro estar em seu sonho e não ter um dono, estando agora em suas mãos. – estivesse de alguma forma, ligado a ela. Em uma fração de segundos, sentiu uma brisa escorregar por entre seus dedos e o objeto desapareceu de suas mãos. Em um ato de desespero, Sarah moveu a cabeça em todas as direções até pousá-la na garota que zombara de Karina, sua inimiga desde a quarta série, Regina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Os cabelos castanhos e lisos ficavam presos por detrás das orelhas e seus olhos verdes-esmeralda davam um brilho incomum a seu rosto delicado, mas a jovem era dona de uma expressão sarcástica. Ela e suas amigas – que vestiam casacos cor-de-rosa – eram tão magras que pareciam praticar bulimia, eram jovens insuportáveis cujo passatempo era atormentar pessoas mais humildes ou mais mal arrumadas do que elas. Regina não foi sempre assim, quando eram crianças, ela costumava freqüentar a casa de Sarah pra que as duas pudessem brincar juntas, mas de alguma forma, seu jeito havia mudado completamente e ela tinha se tornado uma pessoa fútil que se achava superior a todos. Mesmo diante de provocações, Sarah procurava controlar sua raiva, pois lá no fundo, acreditava que ela poderia tomar consciência e se desculpar algum dia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Regina segurou o livro em mãos e folheou suas páginas, ignorando os pedidos veementes da rival para que o devolvesse. A jovem estendeu o objeto e, com desconfiança, Sarah tentou agarrá-lo, mas Regina o puxou rapidamente e deu um sorriso irônico enquanto ouvia as gargalhadas das colegas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu sabia que você tinha virado uma esquisita ao se tornar amiga da fazendeira, mas não a ponto de colecionar antiguidades como esta – disse ela sorrindo maliciosamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah não agüentava mais ser tratada como lixo por aquelas garotas, estúpidas e mimadas. Suas pernas tremiam, suas mãos estavam geladas e sua respiração acelerada, como se a raiva por tudo aquilo que Regina havia feito a ela e a Karina durante os cinco anos desde que viraram inimigas estivesse serpenteando por seu corpo. Apertou os punhos, tentando controlar suas emoções. Sua vontade naquele momento era bater ou chorar, mas sabia que seria insano de sua parte atacar Regina e que chorar seria um convite para mais zombarias.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Ôuu – disse Regina se aproximando e, fazendo um biquinho, disse: - Vai chorar?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Era a gota d’água. Sarah não podia agüentar mais. Abriu os punhos e correu em direção a Regina, lançando-a contra o chão. Sua mente estava em branco naquele momento e ela segurou os cabelos da rival que instintivamente abriu um berro ao ter a impressão de que seriam arrancados do couro cabeludo. As garotas do grupo se afastaram, boquiabertas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Saia de cima de mim sua louca! – berrou Regina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você acha legal menosprezar as pessoas, acha? – disse Sarah puxando mais ainda os fios da rival enquanto os músculos de seu rosto se contorciam.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Agora chega!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Regina largou o livro e colocou as mãos sobre os pulsos de Sarah, empurrando os braços da jovem durante a inútil tentativa de se libertar. Rugas brotavam entre as sobrancelhas da garota e seu rosto, aos poucos, perdia a palidez e adquiria um tom avermelhado devido à força usada. Não demorou muito para que um círculo se formasse em torno da briga. Ela girou as pernas ao mesmo tempo em que empurrava Sarah para o lado, subindo com rapidez sobre sua oponente. Regina estava distraída quando sentiu um forte impacto atingir seu rosto, fazendo com que caísse no chão. A jovem já se preparava para revidar quando o diretor chegou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que é que está acontecendo aqui? – indagou ele em um tom de voz rouco.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Karina abriu caminho na roda e correu de encontro à amiga. Ajudando-a se levantar. Sarah apanhou o livro no momento em que ficava de pé, observando a rival por um curto espaço de tempo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vamos! Eu quero uma resposta!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Essa louca me atacou! – respondeu Regina.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>O diretor se voltou para a garota.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sarah Rodrigues, para a diretoria – ordenou ele, gesticulando.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ela abaixou a cabeça e sem questionar, caminhou até a sala. Ao entrar, acomodou-se em uma cadeira estofada e observou a plaquinha escrita: Diretor <i>Antonio Oliveira. </i>O homem caminhou para trás de sua escrivaninha, sentando em sua poltrona e apoiando-se sobre a mesa enquanto cruzava os dedos. Seus olhos castanhos e serenos a analisavam por detrás das lentes de seus óculos, como se aguardassem por uma resposta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu nunca imaginei que uma pessoa boa como você e uma aluna exemplar, fosse capaz de um ato tão impetuoso – disse ele com sua voz grave e tranqüila. – Este é o primeiro dia de aula depois de um mês de férias e você já movimentou a escola.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu não agüentava mais, ela não para de zombar de Karina e fica me provocando o tempo inteiro – defendeu-se. – Desde que eu tinha dez anos agüento essa idiota...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Cuidado com as palavras Sarah – ele advertiu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Desculpe, mas não deu mais pra segurar!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu sei que deve ter sido difícil. De qualquer forma não posso interceder por você... – fez uma pausa. – Devo cumprir meu dever e, como foi você quem começou a brigar, vou ligar para seus pais.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Mas senhor...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sem mas Sarah – interrompeu. – Vá buscar suas coisas e volte.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sim senhor.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah ficou de pé, saiu da diretoria e caminhou pelo corredor. Ao entrar na sala, os olhares dos colegas se voltaram para ela, inclusive o de Regina, mas não era de felicidade ou de ironia, muito pelo contrário. Era um olhar de arrependimento que rapidamente foi desviado para a banca onde ela estava sentada. Sarah apanhou sua mochila e se retirou sob murmúrios:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Se deu mal.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Acho que ela vai ser expulsa!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Coitadinha, não merece isso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>A jovem se sentia aliviada de finalmente, depois de tanto tempo, ter tirado um peso de seus ombros, mas não podia deixar de pensar no que seus pais fariam com ela. Entrou na diretoria e se acomodou em um sofá próximo a uma instante de livros. Durante os minutos que se estenderam, o cansaço da noite passada se acumulava e então, acabou pegando no sono. Sentiu algo chacoalhando seu corpo de forma suave e, ao abrir os olhos, lá estava sua mãe.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Vamos querida – disse ela, virando-se para o diretor e estendendo a mão para que ele apertasse. – Obrigada Antonio.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Não tem de que Sra. Rodrigues.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Até logo – disse ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Laiza colocou a mão no ombro da filha e a conduziu para a saída. Ao entrarem no carro, Sarah colocou o cinto de segurança e encostou a cabeça na janela, com a mochila sobre as pernas. O carro andou pela avenida até chegar à orla da praia. O mar estava com a maré cheia e a jovem pôde ver as ondas colidirem com a areia, e erguerem-se alguns centímetros, mostrando a cor azul piscina que se misturava com um tom verde claro. De certa forma, o movimento constante das ondas trazia-lhe uma paz interior. O silêncio pairava no ar, até que o carro parou em um semáforo e Laiza disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Eu não acredito que depois do jeito que criei você, de tudo o que ensinei... – fez uma pausa enquanto olhava para a filha. -... Você demorou tanto tempo assim para dar um corretivo nessa garota.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah desencostou-se da porta, franzindo a testa ao observar a mãe.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Quer dizer que não está brava?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Claro que não – ela respondeu. – Você nunca mais tinha mencionado essa garota então pensei que ela tivesse te deixado em paz porque talvez você tivesse dado um basta nas provocações dela – o sinal ficou verde e ela colocou o veículo para andar. – Mas nunca teria imaginado que você colocaria um fim nisso de uma forma tão brutal. Violência não leva a nada filha.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Sei disso mãe, fiz sem pensar, mas me arrependi depois.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Bem, se realmente se arrependeu, vá se desculpar com ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- O que?!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Você me ouviu. Você já mostrou para ela que paciência tem limite e que você não é um cachorrinho para ela fazer o que bem entender. Agora, tem que mostrar que é superior e civilizada – inclinou um pouco a cabeça para o lado. – Civilizada vai ser meio difícil, mas... – sussurrou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Como quiser.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Viraram numa rua feita de calcário e Laiza estacionou o carro na frente de sua casa, que tinha um portão eletrônico e um muro de cor amarela. Sarah deu um beijo na bochecha da mãe e saiu. Ao abrir o portão, Átila, seu golden retriever, veio recepcioná-la. Ela caminhou pelo jardim gramíneo e abriu a porta de correr que levava para a sala, onde havia um sofá de cor laranja e duas poltronas que seguiam o mesmo padrão. Em frente a eles havia uma televisão de plasma presa à parede com um pequeno móvel – abaixo dela. – que abrigava o aparelho de DVD e um aparelho de som. Subiu as escadas com Átila logo atrás. Ao entrar no quarto, colocou a mochila ao lado da cama e mergulhou sobre o colchão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>- Venha cá rapaz – disse ela batendo na cama para que ele subisse.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Sarah marcou o despertador para as treze horas e, Átila deitou a cabeça sobre a barriga dela, acompanhando o movimento de sua respiração. Não demorou muito para que ambos adormecessem. O despertador soou e, na tentativa de desligar, ela o derrubou no chão. Seu cão deu um salto da cama e foi embora. Sarah se espreguiçou e olhou em volta do quarto, suas pálpebras estavam pesadas demais para que ela se levantasse naquele momento. Mudou de posição e voltou a dormir. Depois de muito tempo, que passou voando, a jovem ficou de pé e caminhou até o banheiro, onde se despiu e entrou no Box.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ao terminar o banho, Sarah teve a impressão de ter ouvido sussurros. Franziu a testa, procurando a fonte das vozes, depois sacudiu a cabeça, envolveu-se em uma toalha e caminhou até o balcão da pia, onde pegou um pente. Os murmúrios ficavam cada vez mais altos e a jovem começou a ficar perturbada. <i>“Será que tem alguém no meu quarto?”</i> – pensou. Apanhou uma vassoura que ficava atrás da porta do banheiro e caminhou calmamente até a maçaneta. Seu coração batia tão rápido que mal conseguia respirar. Apertava tão forte a vassoura que as pontas de seus dedos ficaram brancas. Abriu a porta – de um jeito tão rápido que produziu uma leve brisa, que beijou seu rosto – e ergueu a vassoura sobre a cabeça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Ela se surpreendeu ao ver que o quarto estava vazio, mas ainda assim, as vozes persistiam. Sarah caminhou pelo quarto e notou que os sussurros vinham de sua mochila. Apoiou a vassoura na cama e abriu a bolsa, no momento em que os murmúrios desapareceram. Apanhou o livro e pegou um bolo de páginas, folheando-o. Cada uma delas parecia estar em branco, sem nenhuma palavra ou desenho que o caracterizasse. Apertou os olhos e fechou o artefato com um estalo enquanto se recordava de tudo o que havia lhe acontecido. <i>“Isso é muito estranho, um sonho no passado com uma mulher estranha e um livro mais ainda, e de repente, este livro vem parar em minhas mãos sem dono algum”</i> – pensou. – <i>“E aquelas criaturas? E a mulher? Quem eram? Nunca tive sonhos como este antes”.</i><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><span style=""> </span>Suas perguntas continuavam sem respostas, a jovem tentava não pensar no assunto, mas aquelas estranhas coincidências não permitiam que as lembranças deixassem sua mente. Jogou o objeto sobre a cama e foi até o guarda-roupa retirando uma blusa regata preta e uma bermuda que ia até os joelhos, colocando sobre a cama.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="font-size: 11pt; font-family: "Arial","sans-serif";"><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><o:p> </o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><o:p> </o:p></span></p>devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1887075425575350270.post-49648209047220525512007-12-18T17:31:00.000-08:002007-12-18T17:54:53.040-08:00Prólogo - Noite Sombria<b style=""><span style=""><o:p></o:p></span></b> <p class="MsoNormal" style="text-align: center;" align="center"><b style=""><span style=""><o:p> </o:p></span></b></p><span style="">A temperatura havia caído naquela noite sombria. As nuvens acinzentadas encobriam as estrelas do céu, deixando apenas a lua à mostra. O silêncio refletia o medo no coração de Elenwë. Sua capa negra esvoaçava durante a corrida frenética por entre as árvores. A mulher parava constantemente e apertava um objeto de forma retangular que segurava contra o peito enquanto olhava ao seu redor. Estranhas criaturas espreitavam nas altas copas das árvores, se passariam por humanos se seus dois chifres sobre a cabeça e garras parecidas com adagas que saíam de seus pulsos não os denunciassem.<o:p></o:p></span> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Um dos monstros ergueu a cabeça e fechou seus grandes olhos amarelos enquanto esperava <span style="color:black;">de forma paciente. O vento trouxe consigo um aroma para o nariz da criatura, que sorriu maliciosamente, mostrando seus dentes podres e pontudos. Eis que ele tornou a abrir seus olhos e virando-os para os</span> companheiros, gesticulou com uma das mãos - enquanto a outra se apoiava no grosso tronco da árvore onde estava -, sua ordem era clara.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>De imediato, os monstros se jogaram das copas das árvores, aterrissando de forma violenta sobre o chão, e levantando como se nada tivesse acontecido, começaram a locomover a uma velocidade sobre-humana. Mais adiante avistaram Elenwë, que corria o mais rápido que podia. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>A mulher não olhava para trás, apenas segurava o artefato que parecia ser tão precioso, quando sentiu um enorme impacto em suas costas, ao cair de barriga no chão, deixou o objeto que segurava escapar.</span><i><span style=""> </span></i><span style="">Levou alguns instantes para que ela percebesse o que acontecia. Tentando ignorar a dor, girou o corpo para o lado e chutou o peito da criatura que deu alguns passos para trás, devido ao impacto causado. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span></span><span style="">Elenwë se levantou de modo rápido e pegou o objeto envolvido em um pano de cor escura, apertando-o contra o peito. Respirando de maneira acelerada, como se temesse aqueles seres repugnantes, ela voltou a segurar seu artefato misterioso com firmeza. Tanto que as pontas de seus dedos ficaram brancas.</span><span style=""> </span><span style="">Ela balançou a cabeça negativamente enquanto recuava a cada avanço dos monstros.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Virou-se para o lado contrário e correu. Fazendo a inútil tentativa de escapar enquanto olhava para trás e os via parados. </span><span style="">Então, uma das criaturas correu rapidamente em sua direção</span><span style=""> e, no momento em que ela virou a cabeça para frente, trombou no ser sombrio. O monstro a segurou pela gola das vestes e ela se debateu sem parar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>O pânico serpenteava por todo o seu corpo, não sabia mais o que fazer para escapar daquelas criaturas. Fechou os olhos lentamente e procurou se acalmar. Abriu-os. Seus olhos verdes agora estavam completamente vermelhos. Uma aura branca se espalhava por seu corpo e com uma explosão de cores, os monstros foram lançados para longe. Algumas árvores que estavam ao redor dela começaram a despencar, espalhando pela floresta um cheiro de queimado. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Esperou um tempo para que pudesse se levantar novamente, tudo ao seu redor começou a girar e as imagens agora não eram mais tão nítidas. Ela tombou e procurou apoiar-se em uma das árvores que haviam sobrado, caminhando lentamente pela floresta. Um dos monstros que havia sobrevivido à explosão avistou-a ao longe, o ódio percorria o corpo da criatura e seus olhos amarelos pareciam duas tochas de fúria.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ele se levantou e correu na direção de Elenwë, que procurava ao máximo se equilibrar. O monstro se aproximou e a empurrou. A mulher</span><span style=""> caiu de forma brutal pelo chão e sucos de sangue saíram de sua boca. A criatura se aproximava, caminhando lentamente. Procurando esquecer sua fraqueza naquele momento, ela pôs-se em pé e correu por entre as árvores.</span><span style=""> Quanto mais corria mais parecia que o caminho não terminava.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>As altas árvores da floresta estavam distorcidas em sua visão, ela cambaleava cada vez mais, à medida que corria. Estava ofegante agora. Não sabia por quanto tempo mais poderia agüentar. Seria difícil escapar da criatura e se escapasse, acabaria morrendo de fraqueza por usar inapropriadamente a magia em um momento de desespero. Parou de correr e procurou respirar durante o pouco tempo que lhe restava.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Não importava o que acontecesse tinha que proteger o objeto a qualquer custo. Ela retirou o pano que o ocultava. Era um livro feito de couro, com uma cor marrom. O desenho em sua capa chamava a atenção. Dois dragões formavam a moldura, uma coroa grande encontrava-se no centro da capa e ao seu redor seis símbolos diferentes: uma espada armada em um arco no lugar de uma flecha, e duas espadas cruzadas com três estrelas ao seu redor.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Elenwë passou sua mão delicada sobre a capa do livro procurando senti-lo. </span><span style="">Um barulho chamou sua atenção e instintivamente ela olhou para o lado, viu um vulto veloz, passando por entre as árvores e concluiu que seria o último dos monstros. Uma lágrima escorreu por seu rosto. Ela tornou a cobrir o livro e ergueu-o acima da cabeça.</span><span style=""><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Através de seus lábios, as palavras mágicas foram pronunciadas: <i>Curio bator biteron vrazak lutiorluterin mao frest ga priton trovalend miror detior.<o:p></o:p></i></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Ao ver a luz azul celeste que envolvia o livro, a criatura procurou apressar-se. Quando chegou a uns cinqüenta centímetros de distância de Elenwë a enorme luz envolveu toda a floresta e quando esta diminui de intensidade, o livro havia desaparecido completamente e a mulher encontrava-se deitada no chão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>O monstro levantou-se enfurecido e caminhou até ela. Estava fraca, mas ainda assim, uma expressão de felicidade tomava conta de seu rosto. Ela gargalhou como se tirasse sarro da criatura e, com uma voz doce e suave disse:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>- Tarde demais, se eu não pude protegê-lo, outra pessoa o fará!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>O ódio expressava-se através dos olhos amarelos e brilhantes do monstro. Apertou violentamente os punhos, grunhiu e ergueu a mão esquerda de modo que a luz da lua iluminasse sua garra afiada. Sem pena e com satisfação, a criatura cravou a lâmina no peito da mulher, retirando-a <st1:personname productid="em seguida. Sua" st="on">em seguida. Sua</st1:personname> arma letal encontrava-se manchada de sangue, o monstro lambeu os lábios e direcionou a boca para o corpo dela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Em seu quarto, Sarah levantou-se rapidamente de seu pesadelo como um mergulhador em busca de oxigênio. </span><span style="">Ela respirava ofegante e gotas de suor escorriam por seu rosto. Acariciou os cabelos negros e ondulados por um instante procurando se acalmar e deslizou a mão até a testa. Retirou as pernas de cima da cama de forma vagarosa e apoiou os pés no chão.</span><span style=""><o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style=""><span style=""> </span>Diversas dúvidas haviam sido semeadas em seu cérebro. Por que sonhara com uma cena como aquela?Quem era a mulher que segurava o livro?E o que eram aquelas criaturas? “Foi só um sonho” – pensou – “Mas um sonho muito incomum”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><br /><span style=""><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span style=""><o:p><br /></o:p></span></p>devoradora de livroshttp://www.blogger.com/profile/14880301564913024756noreply@blogger.com0